A Comissão da Concorrência (COMCO) "tem evidências de que várias empresas ativas na produção de perfumes violaram as leis de cartéis", escreveu num comunicado.

A agência cita como empresas envolvidas as suíças Firmenich International e Givaudan, as americanas International Flavors & Fragrances e a alemã Symrise, que estão entre as líderes deste setor.

Na véspera, o órgão regulador da concorrência na União Europeia havia relatado buscas em diversas empresas de fragrâncias do continente por suspeita de práticas monopolistas, mas não detalhou as empresas afetadas.

A Firmenich, uma das principais fabricantes de aromas e fragrâncias, confirmou esta quarta-feira que os seus escritórios em França, Suíça e Reino Unido foram alvo de "inspeções não anunciadas (...) como parte de uma ampla investigação da indústria".

"A Firmenich está a monitorizar de perto a situação e coopera totalmente com os investigadores. Não podemos fazer mais comentários neste momento", disse um porta-voz.

A gigante da indústria Givaudan também admitiu ter sido afetada e disse que estava "a cooperar totalmente com as autoridades".

"A Givaudan está comprometida e adere aos mais elevados padrões éticos na prática comercial", disse uma porta-voz.

Combinação de preços

Segundo a COMCO, "há suspeitas de que estas empresas coordenaram a sua política de preços, proibiram os seus concorrentes de fornecer a certos clientes e limitaram a produção de certos perfumes".

As fragrâncias e aromas são usados numa ampla gama de produtos, desde a alta perfumaria, cosméticos e champôs, a detergentes e produtos alimentícios, um mercado bilionário.

"No âmbito da investigação, será examinado se de facto existem restrições à concorrência proibidas pela lei antitruste", acrescentou a COMCO.

A Comissão Europeia afirmou na terça-feira que as suas equipas estavam a realizar inspeções não anunciadas "às instalações de empresas e a uma associação ativa na indústria de fragrâncias em vários Estados-membros", após consultar reguladores na Suíça, Estados Unidos e Reino Unido.

No entanto, não revelou quais as empresas que foram alvos das operações ou em quais países.

"A Comissão está preocupada com o fato de as empresas e uma associação da indústria de perfume internacional terem violado as regras antitruste que proíbem cartéis e práticas comerciais restritivas", afirmou em comunicado.

Se as empresas investigadas forem consideradas culpadas, podem enfrentar multas altas, mas também podem obter imunidade se cooperarem com a Comissão, acrescentou.

Fundada em 1895, a Firmenich é uma empresa familiar por trás de perfumes de sucesso como Angel de Thierry Mugler, Acqua di Gio de Armani e Flower de Kenzo. Atualmente está a negociar uma fusão com a holandesa DSM.

A empresa divulgou no mês passado que a receita na primeira metade do ano fiscal 2022-2023 aumentou 10,5%, para 2,3 mil milhões de euros.

Já a Givaudan teve um 2022 de altos e baixos: o mercado de perfumes de luxo cresceu, mas as vendas de aromas caíram devido à redução no mercado americano. Ainda assim, o volume de negócios cresceu 6,5% para 7 mil milhões de euros.

Nos Estados Unidos, a International Flavors & Fragrances teve uma receita de 11,7 mil milhões de euros em 2022.

Por sua vez, a empresa alemã Symrise registou vendas de 4,6 mil milhões de euros.