Os "millenials", nascidos entre 1980 e 1997, e a geração Z, que nasceu entre 1997 e 2010, interessam-se de forma precoce pelo luxo. Espera-se que os seus gastos neste segmento aumente três vezes mais que o de outros grupos etários até 2030, segundo um estudo da Bain & Cie e da Altagamma, da federação italiana de luxo.

No salão Watches & Wonders, que reúne 48 grandes marcas em Genebra, os fabricantes de relógios suíços estão conscientes da tendência.

"É importante que mostremos uma vez ao ano que usar relógio está na moda, inclusive para a geração mais jovem que não está acostumada a usá-lo", disse durante a feira o CEO da Rolex, Jean-Frédéric Dufour.

O setor precisa conquistar uma geração "acostumada a ver tudo através de um ecrã [de telemóvel]".

Num stand dedicado à inovação, uma representante da aplicação de mensagens Snapchat apresenta um filtro que permite provar virtualmente relógios com um smartphone.

A imagem adapta-se ao pulso do utilizador e permite provar modelos de marcas como Cartier e personalizar as cores de um relógio da Hublot.

A pensar nessa geração, a Hermès apresentou uma coleção com um desenho inspirado nos hábitos dos jovens, incluindo um que representa uma princesa a cavalo a tirar uma selfie.

Transferência de património

"Esta geração mais jovem, ao contrário da crença popular, tem mais poder económico que as anteriores. Ganham mais, economizam mais e investem mais cedo", disse Jean-Philippe Bertschy, analista da Vontobel.

E há um fenómeno interessante e que foi subestimado.

Os "millenials" e a geração Z vão beneficiar de "uma transferência massiva de património nas próximas duas décadas", que está avaliada em "mais de 80 bilhões de dólares (cerca de R$ 405 bilhões) até 2045 somente nos Estados Unidos", afirmou.

A curto prazo, esta geração será confrontada pelos altos preços imobiliários, porém os analistas da Mogan Stanley destacaram que cerca da metade dos adultos entre 18 e 29 anos nos Estados Unidos vive com os pais, segundo o censos, um número jamais visto desde a década de 1940.

Porém, como não pagam renda, possuem mais recursos para gastar em produtos de luxo, argumentam os analistas.