A ModaLisboa abriu as portas para mais uma edição, mas desta vez estas foram abertas apenas no meio digital, já que a pandemia ainda não permite que se volte a assistir aos desfiles presencialmente. Mas isso, não foi impedimento para mais uma edição repleta de tendências e muita conversa.

O dia começou cedo e eram 14h00 quando se assistiu a um workshop sobre “Aesthetics Intelligence Strategy and Sustainability”. O Welcome ModaLisboa deu-se às 16H00 e a partir daqui falou-se e ouviu-se temas ligados a moda e ainda viram-se os primeiros desfiles que marcaram esta 56ª Edição da ModaLisboa Comunidade.

Sangue Novo deram as boas vindas a todos os amantes de moda, ao darem a conhecer as suas coleções para o próximo outono/inverno 21/22. Desta plataforma fizeram parte cinco designers Andreia Reimão, Ari Paiva, Arndes, Fora de Jogo e Rafel Ferreira, os quais se habilitaram a ganhar três prémios, o Polimoda, o Tintex Textiles e o Moche. 

Andreia Reimão apresentou “Love Me To Eternity” uma carta de amor a um mundo utópico, com referências a Barbara Levine, Nick Sethi e Senil Gupta, e também no estúdio Brieditis &Evan.Uma visão ingénua de uma realidade possível.

Ari Paiva mostrou “Liberdade Desejada”, onde é possível observar o quão frágil são as pessoas, fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. A atração pelo mórbido, a entrega total à religião, as camadas envolventes que formam o bem-estar do eu, o desapego momentâneo da pessoas séria e o nascimento de uma personalidade totalmente inversa, sem preocupações. A coleção tem influências estéticas do Punk e New Wave, desconstruindo o guarda-roupa clássico e erguendo um manifesto. Ressalta-se o patchowrk, bainhas desfeitas, padrões aleatórios, correntes, pins e tachas.

O “Monoprint” de Arndes traz-nos uma nova interpretação do artista Eben Goff, que expôs uma série de trabalhos sobre a degradação do meio ambiente pela humanidade, o poder visual dos materiais elementares, a abstração e as ressonâncias entre formas naturais e artificiais.

Fora de Jogo apresentou “Blurred Identities” que surge demonstrando uma complexidade em estilo, identidade e processo produtivo. Um espaço de mistos e uma multiplicidade de contrastes, com base na apropriação destes objetos, reconstruindo a sua relação espacial e com o outro.

The Third Box To Your Left” de Rafael Ferreira foi a ultima coleção a ser apresentada e foi inspirada em espaços que transbordam de objetos sem utilidade, vivências acumuladas e arrumadas que alguém decidiu empilhar. A coleção ganha forma idealizando este conflito entre não dar livre arbítrio às nossas emoções, contendo-as, e a necessidade básica de relação com o outro.

Seguiu-se a vez de Federico Protto | Workstation, que marcou esta edição com o filme PAN by Federico Luz & Anna Lugmeier. Este revela um grupo de cinco pessoas que ensaia numa colossal tela verde de 6X10m, pintada à mão, vestindo retalhos, experimentos, traços, fragmentos que nunca chegaram ao palco e agora estão na versão final deste vídeo.

Da plataforma LAB foi a vez de Béhen apresentar as suas propostas para o próximo outono/inverno, sob o tema “Quero-te Muito”. Uma coleção marcada por texturas ricas de tapeçarias, experimentando os limites do possível, como os marmoreados feitos em parceria com a Fundação Ricardo Espírito Santo e os acessórios que nascem da paixão CEAGAGÊ. A paleta cromática é marcada pelos tons bordeaux, detalhes a preto, dourados, toques de verde e azul, sem nunca deixar o eterno rosa. Já os materiais vem de todo o mundo, com colchas portuguesas e de Macau, carpetes de veludo que servem de tapetes voadores e sedas naturais vindas de palácios franceses.

O primeiro dia encerrou portas com a simbiose perfeita entre a poesia e o caos de Ricardo Andrez. Nesta coleção o designer chama a nossa atenção para peças produzidas a partir de tecidos deadstock, onde os erros do passado são uma esperança renovada para o futuro.

Hoje segue-se mais um dia repleto de desfiles e Fast Talks. No entanto não deixe de acompanhar tudo aqui!