AnatomikModeling, uma startup francesa sediada na região de Toulouse, está a recorrer ao 3D, utilizando um método assistido por computador, para fazer implantes por medida, implantes mamários, implantes para cirurgias de recuperação e implantes para operações plásticas. Muitos deles, em silicone médico, são depois fabricados nos arredores de Paris. Depois de produzidos, são esterilizados e estão prontos a usar.
«Investimos continuamente em investigação e desenvolvimento para colocar no mercado novos e inovadores dispositivos médicos que nos permitam responder aos desafios da medicina de amanhã», afirma Benjamin Moreno, diretor geral da companhia. Nas últimas décadas, a evolução tem sido grande. Se há vinte anos lhe dissessem que era possível pôr implantes sem ninguém reparar, não acreditava.
Ainda hoje, essa é uma realidade que deixa muitas mulheres em dúvida. As próteses au naturel têm vindo a tomar conta do mercado europeu e Portugal tem sabido acompanhar a tendência. Senhoras e senhores, bem-vindos ao incrível mundo do peito invisível, tão perfeito e discreto que só podia ser feito à mão. Luísa (nome fictício) sabia que não queria «nada muito óbvio», como pediu.
Uma decisão há muito tomada
Marcar a cirurgia não foi difícil. «Teria de acontecer mais cedo ou mais tarde», afiança. A decisão estava tomada desde os 27 anos. Esperou dois anos para garantir que conseguia o resultado que tinha idealizado. Está felicíssima com as mamas novas e garante «que ninguém dá por elas» devido ao aspeto natural que exibe. Antes de avançar acompanhou blogues com relatos de cirurgias.
Mas desistiu depressa por achar a coisa «meio sinistra», como admitiu a uma publicação feminina. Queria conhecer experiências na primeira pessoa, ver resultados e encontrar uma história que lhe pudesse parecer a sua. «Mas era tudo enorme», critica. A certa altura, teve medo de avançar. Temia pelos resultados. Aumentar o peito era ponto assente. «Mas não queria nada daquilo», recorda.
O pedido direto e assertivo
Ainda não sabia o tamanho da prótese que ia colocar, nem tão pouco sabia se o que procurava existia, mas tinha a certeza que acabaria por optar por uma solução discreta. Com 1,60 metros e 53 quilos, passar das marcas era um risco que não queria, de todo, correr. Na primeira consulta com o cirurgião plástico, explicou o que queria. Foi direta e sem grandes rodeios.
«Mais volume e firmeza mas sem ser rijo e desagradavelmente redondo. Natural, como se não fosse nada», recorda. Para ter a certeza que não era incompreendida, levou consigo algumas imagens que descobriu na internet. Depois de conhecer as opções disponíveis para o seu caso percebeu que, afinal, podia ter o peito com que sempre sonhou.
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De bola a gota
Ter medo que não fique como o esperado é uma das preocupações mais comuns por parte de quem procura este tipo de cirurgias. O paradigma está a mudar e o reinado das bolas de futebol a chegar ao fim, apesar das exceções que ainda persistem, mas não foi sempre assim. Quando apareceram as primeiras próteses, há 50 anos, não havia escolha. Eram redondas ou eram redondas.
Feitas de soro fisiológico, «pareciam autênticos balões. Davam volume à mama mas com um formato muito pobre», explica Hélder Silvestre, cirurgião plástico. Hoje, há mais de 200 opções, incluindo implantes redondos, anatómicos, naturais, com vários volumes e tipos de projeção. Também aqui, depois de vários escândalos causados por procedimentos que correram mal, o mercado teve de se adaptar.
«A preocupação das pacientes com os resultados da cirurgia obrigou os fabricantes a desenvolverem próteses com um formato mais natural, nomeadamente em forma de gota, o que permitiu alcançar resultados estéticos que eram impossíveis há umas décadas», refere o especialista. O desenvolvimento de novos implantes em 3D também permite criar um peito à medida.
Um peito natural e suave ao toque
Mas nem sempre foi assim. É, aliás, com o aparecimento das próteses em forma de gota e com um empurrãozinho da ciência, que foi ao longo dos anos insistindo no aperfeiçoamento do gel de silicone, que o tal efeito natural da mamoplastia de aumento se torna possível. Tão possível quanto poder voltar a ter umas mamas de 19 anos. E, não, não se trata de um complexo de Lolita, de uma inconformidade com a idade.
E também não se prende com a procura incessante pela juventude eterna. É ciência e tecnologia! E a ciência confirma que as próteses em gota podem mesmo devolver as mamas dos 19 anos, não há outra forma de dizê-lo. Suaves ao toque, firmes e empinadas, como se querem. Nos últimos anos, a procura deste modelo gota na Europa duplicou, atingindo mais de 15% do mercado.
Mulheres portuguesas são moderadas
Em Portugal, Ribeiro de Carvalho, cirurgião plástico, ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva (SPCPRE) admite que «é verdade que as mulheres tendem a procurar um perfil mais equilibrado e não o exagero». Trata-se, na sua opinião, «de um refinamento de gosto pela discrição e harmonia». Os próprios cirurgiões plásticos, defende, devem ter uma palavra a dizer.
Têm a função de aconselhar as pacientes a optar por soluções que evitem desastres anatómicos. Basta, para isso, trabalhar com o que tem e não se meter em grandes aventuras. Muitas vezes, confrontados com pedidos de implantes que tornariam as silhuetas desproporcionais, recomendam a adoção de tamanhos menores mas, paradoxalmente, mais elegantes.
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O tamanho importa
Se não acredita e continua a insistir que quer umas iguais às da sua prima, porque quer e ponto final, leia um comentário retirado do blogue Mamoplastia de Aumento, assinado por uma utilizadora que sabe do que fala. «Olá meninas! Em relação às dúvidas sobre o tamanho, têm de confiar no vosso cirurgião!», começa por dizer.
«Não vale a pena comparar com a amiga. O cirurgião deverá, mais do que ninguém, saber qual a melhor relação de tamanho de prótese versus resultado pretendido, tendo em conta a constituição física de cada uma», acrescenta ainda. Numa base mais científica, o ex-presidente da SPCPRE, em declarações à revista Saber Viver, abordou o tema.
Explicou que, de facto, «os volumes de próteses, para serem naturais, têm de estar adequados ao tórax e de acordo com medições da mama pré-existente, nomeadamente em termos de base, do tipo de tecidos, da projeção possível e depois de ver se está caída ou desabitada». Faz sentido e mesmo que pareça uma equação complicada é tudo uma questão de proporção.
O outro tipo de procura
Mas, afinal, o aumento mamário invisível, aquele que não se denuncia pelo excesso de volume, é exatamente o quê? «É o tipo de cirurgia procurada por mulheres entre os 25 e os 45 anos que têm seios muito pequenos e não se sentem completas fisicamente e/ou foram mães e viram as suas maminhas ficarem esvaziadas, contribuindo ambos os casos para uma grande diminuição da auto-estima», justifica Hélder Silvestre.
São essencialmente mulheres que não se encaixam no perfil típico das candidatas a este tipo de cirurgia. Este tipo de intervenções, das mais solicitadas pelas mulheres em várias partes do mundo, são sobretudo procuradas por pacientes que não desejam mamas grandes mas, antes, volume, textura e ângulo no peito. Procuram essencialmente um busto subtil.
Época de crise foi sinónimo de menos peito
Foi precisamente por sentir que esta cirurgia podia preencher (literalmente) uma falha física com a qual se debate desde a adolescência que Rossana Rosa, freelancer, começou a considerar a hipótese de realizar a cirurgia. Já explorou a maioria dos truques para favorecer o peito e, aos 25 anos, depois de muito ponderar, gostava de tornar a coisa permanente.
Viu as miúdas da sua idade a crescer e sentiu que a sua vez nunca mais chegava... «E nunca chegou!», desabafou à mesma publicação. Fisicamente, sente que «lhe falta alguma coisa», desabafa. E quando explica o que idealiza descreve um 36B perfeito. «Discreto e o mais natural possível», confidencia. Garante que, quando puder avança, mas para já a cirurgia não é uma prioridade orçamental.
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O preço médio de uma mamoplastia de aumento
O preço da mamoplastia de aumento ronda os 5.000 € em média. O valor pode justificar a queda de 20% a 30% da procura registada em Portugal nos anos de maior austeridade económica. Ribeiro de Carvalho justifica os números com a crise financeira e admite que possam continuar a cair em condições de restrição semelhantes. Em Espanha, o cenário foi semelhante.
Mas, por exemplo, em Inglaterra, a British Association of Aesthetic Plastic Surgeons (BAAPS), confirma que só entre 2012 e 2013, o número de cirurgias realizadas aumentou 13%. Dados surpreendentes, tendo em conta que cruzaram a polémica das próteses francesas PIP, sigla de Poly Implant Prothèse, que, como seria de esperar, fizeram recuar a procura noutros países.
No caso de Portugal, Ribeiro de Carvalho, prefere não relacionar este escândalo com a diminuição do número de mamoplastias de aumento com próteses. Diz, aliás, que «as repercussões deste infeliz episódio, devido à divulgação do que realmente aconteceu, de como atuar e sobretudo o afastamento da relação causa-efeito com o cancro da mama, terá tranquilizado as pessoas».
A qualidade acima de tudo
Atualmente, como também demonstram as precauções de empresas como a AnatomikModeling, há um cuidado redobrado com a qualidade dos implantes, de tal modo que a farmacêutica Johnson & Johnson se lançou, pouco depois, no mercado das próteses. Para responder à crescente procura por resultados invisíveis, criou um modelo em forma de gota.
O MemoryShape, como o nome indica, devolve as memórias (e as mamas) de outros tempos. Mas, apesar do avanço do mercado, a metodologia da cirurgia continua a mesma. «É efetuada sob anestesia local e sedação. As próteses podem ser colocadas pela axila, aréola ou sulco inframamário, dependendo da anatomia dos pacientes e experiência do cirurgião», explica Hélder Silvestre.
«Tem uma duração de 90 a 120 minutos, saindo a paciente da clínica algumas horas depois, apenas com um sutiã de desporto, que deverá usar durante um mês», refere ainda o especialista. Mas voltemos ao caso de Luísa. A sua experiência implicou a ausência da prática de exercício físico durante quatro semanas e o controlo das atividades realizadas com os braços durante seis semanas.
«Não foi uma recuperação fácil, sentia-me muito dorida e, sempre que me via ao espelho, não me sentia confiante com o resultado. Só passados quase cinco meses é que a cicatrização ficou completa e o inchaço desapareceu totalmente», diz. Nessa altura percebeu que tinha conseguido exatamente o que queria.
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A percentagem de mulheres satisfeitas
Embora os números não sejam oficiais, Hélder Silvestre aponta para que em Portugal se tenham feito perto de 5.000 mamoplastias de aumento em apenas dois anos e com uma taxa de sucesso brutal. «98% das mulheres que recorrem à cirurgia estão satisfeitas com o resultado e voltariam a repetir se necessário», diz o cirurgião plástico. Luísa confirma. Voltava a passar por tudo outra vez.
Agora sente-se «inteira», como se assume. Uma mulher plena! E, apesar de nunca se ter sentido frustrada durante as relações sexuais, diz que agora é um mundo novo. «O meu marido, apesar de passar a vida a dizer que não faz diferença nenhuma, a verdade é que lhes presta mais atenção. Dedica-lhes mais tempo, se é que me faço entender», afirma, com um sorriso maroto estampado no rosto.
Não precisamos de reunir centenas de relatos íntimos de mulheres que optaram pela mamoplastia de aumento nem tão pouco de citar estatísticas que revelam o aumento da autoestima e, consequentemente, da qualidade da sexualidade para perceber que é uma decisão que muda a vida toda. «Dizer que são só mamas e que não têm assim tanta importância, dizem as que as têm», assegura.
As recomendações dos especialistas
Se está a considerar aumentar o peito, certifique-se de que está a par de tudo o que envolve a cirurgia, desde o tipo de implantes, aos riscos e aos resultados expetáveis que pode ter. Hélder Silvestre admite que o cirurgião fará a maior parte das explicações, mas ainda assim, fica a dica do especialista sobre o que deve ter em conta quando procura resultados naturais.
«A qualidade e forma dos implantes permitem obter resultados naturais e de grande beleza», reforça o cirurgião plástico. «Por isso, aconselho sempre a que se escolham próteses de marcas experientes no mercado, que vendam em todo o mundo e com grande responsabilidade ética, comprovada ao longo dos anos», recomenda ainda o especialista.
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