Antes de se enunciar algumas das caraterísticas desta prática, é bom ter noção e colocar de parte quaisquer tipos de preconceitos relativamente às pessoas que gostam de a praticar. Não é coisa de tarados ou de pessoas esquisitas! Nem só os homens praticam a mesma! Os praticantes estudam, trabalham, namoram, são casadas, enfim... têm uma vida normal e comum como a sua. Simplesmente, têm desejos e fantasias e não se coíbem de as realizar e colocar em prática. Provavelmente você também gosta de chamar (ou ouvir) um nome feio ao parceiro, ou dar ou receber uma palmada no rabo, puxar uns cabelos, fica muito excitado com uma lingerie sexy, etc... o que não faz de si uma pessoa esquisita e, se pensar bem, há muitas coisas quando pratica sexo que também são praticadas no BDSM, mas simplesmente são de menor intensidade e rotineiras. Algumas pessoas sentem prazer na dor porque há uma sensação maior na pele, outras porque gostam de testar os seus próprios limites. Não obstante, o corpo liberta endorfinas quando exposto à dor, logo o prazer pode ser atingido por muitos. O que interessa realçar é que as causas são quase irrelevantes e que o que importa é a maneira como você se relaciona com os fetiches. Assim sendo, fique a conhecer um pouco esta prática.

As siglas B/D (boundage e disciplina), D/S (dominação e submissão), S/M (sadismo e masoquismo)

Bondage – é a arte de amarrar pessoas e o ato em si pode ser por estética, prazer erótico, restrição ou outros. O uso de cordas e algemas é comum, bem como correntes ou grilhões. Há praticantes que por sentirem muito prazer optam, inclusive, por fazer sozinhas.

Disciplina – aqui a arte é disciplinar ou ser disciplinado com obtenção de diversos objetivos. A mesma é consentida, mas há uma certa manipulação para que o parceiro ultrapasse os seus próprios limites. Este reforço vai desde bater até impedir o outro de comer o seu prato favorito.

Dominação e submissão – os motivos podem ser ou não sexuais e vão desde humilhar, espancar, amarrar... a alguém que controle a sua rotina, a alimentação, roupas, etc... Em suma, o relacionamento implica que há uma pessoa que se submete a outra.

Sadismo – nada tem a ver com o termo que usa no seu quotidiano. Em BDSM fala-se de pessoas que praticam sexo seguro e consentido e que podem causar dor aos seus parceiros, uma vez que sentem prazer nisso e lhe é dado aval para tal.

Masoquismo – é o contrário do acima. Aqui as pessoas têm prazer através da dor e dão consentimento para tal, por isso não julgue que se tratam de pessoas instáveis ou deprimidas.

Práticas e role-play

Pet Play – o submisso é o bicho de estimação do dominador e deverá comportar-se como tal. Os acessórios utilizados na brincadeira vão desde coleiras, brinquedos, pratos de comida, etc...

Pony play – aqui o submisso é um cavalo ou um pónei e, como tal, pode ser montado e usado nele celas, chicotes e rédeas.

Age Play – o submisso encarna o papel de uma criança ou bebé e deverá ser castigada como se se tivesse portado mal. É comum que o submisso seja depilado e use fraldas, sendo o intuito humilhar e provocar vulnerabilidade.

Castidade – esta pode durar horas, dias ou meses. O dominador proíbe o submisso de qualquer contacto erótico ou sexual. Por vezes, o uso de um cinto de castidade é utilizado.

Ordenhar a próstata – utilizada muitas vezes quando se pratica a castidade, é estimular a próstata para expulsar o esperma, evitando qualquer contato do pénis e o orgasmo.

Chuva dourada – é urinar para cima do outro e pode provocar prazer a quem urina como a quem leva com a urina.

Cock and ball torture – nesta procura-se causar o maior desconforto possível no pénis torturando-se este e o escroto. Géis que ardem, sapatos de salto, chicotes, entre outros, são alguns dos acessórios.

Urethral play – aqui tortura-se a uretra e podem ser usadas sondas uretrais. É algo que pode causar uma dor intensa, mas também muito prazer.

Face sitting – o dominador senta-se na cara do submisso e este terá de o satisfazer oralmente nos genitais e ânus.

Medical play – há um médico (dominador) e um paciente (submisso) e este terá de se sujeitar aos exames “médicos”, sendo que há bastante variedade de instrumentos utilizados.

Fetiche por roupas – o uso de látex e couro são muito utilizados e exigido em algumas festas de BDSM. Há quem obtenha prazer pelo simples facto de estar assim vestido.

Supremacia feminina - é uma subcultura onde os praticantes acreditam que as mulheres são líderes naturais dos homens.

Submissão financeira – aqui há prazer em trabalhar para financiar o outro. Por norma, os submissos são homens que se sentem humilhados por não conseguirem satisfazer a dominadora sexualmente e por isso são renegados à posição de submisso financeiro.

Female led relationships – a mulher comanda todos os aspetos da vida e não só erótica: casa, financeiro, etc...

Não consensual consensual – o submisso aceita que o dominador ultrapasse os limites pré-estabelecidos, independentemente de quais tenham sido as premissas iniciais.

Edgeplay – aqui o perigo está iminente, uma vez que as brincadeiras podem sair do controlo do dominador. É necessário algum cuidado e conhecimento dos participantes já que brincadeiras com fogo, eletricidade, entre outros, são utilizados.

Perguntas frequentes

O que é um switch?
É alguém que pode variar entre submisso e dominador. Muitos deles mantêm mais do que um relacionamento, mas são exclusivamente dominadores ou submissos nessas relações. Há switches que preferem relacionar-se com switches para assim poderem alternar os papéis.

BDSM não pode ser considerado violência doméstica?
Nunca! Tudo o que seja violência doméstica e abuso sexual é feito sem consentimento e na prática de BDSM isso não acontece. É fundamental que a relação seja estabelecida sob consentimento responsável e esclarecido pelos seus participantes. Não obstante, há sempre uma palavra de segurança e é sempre possível reavaliar e determinar novas regras e limites.

E se a palavra de segurança não funcionar?
O dominador deve estar atento e tomar cuidado com barulhos, por exemplo, que possam abafar a palavra ou caso esteja amordaçado, a atenção deve ser redobrada ou ainda, se o submisso for deixado sozinho deverá ser capaz de se libertar sozinho caso haja uma emergência. Também nunca deve impossibilitar o sunbmisso de parar a sessão ou de pedir ajuda.

Como funcionam os contratos?
Para os praticantes que o celebram são basicamente uma forma simbólica de catalogar e estabelecer o compromisso. São vistos pela comunidade de BDSM como algo de extrema importância e onde são estabelecidos limites, expetativas e os acordos da relação.

Quem pratica BDSM nunca mais quer outra coisa?
É claro que a tendência é que se procurem companheiros que gostem do mesmo, mas isso é normal e legítimo em qualquer situação da vida. Há muitas pessoas que mantêm um relacionamento e praticam BDSM fora de casa. Fica a ressalva que a BDSM nem sempre contempla sexo.

O submisso não pode sentir prazer sem permissão?
Tudo depende do que acordaram de início, sendo que o controle do orgasmo é um elemento comum num relacionamento de dominação e submissão. Esta regra é caraterística e simboliza a entrega e sentimento de pertença de um pelo outro.

Vou ficar marcado?
Bom, é natural que fique marcado na prática de BDSM, mas é uma questão de estabelecerem quais as partes do corpo que podem ficar ou não marcadas, para assim não sofrer nenhum tipo de constrangimentos na sua vida diária.

O sufocamento é seguro?
É, sem dúvida, uma fantasia comum. No entanto, já houve caso de mortes e algumas por conta própria enquanto se masturbavam. A questão que se coloca é que é algo que não se consegue controlar logo, o melhor será mesmo prevenir e abster-se de o fazer.