Entrou num restaurante, conheceu uma rapariga, apaixonaram-se e casaram. Este exemplo real de Peter Backus, matemático britânico, não será o mais indicado para a grande maioria das pessoas, porque cumpre à risca tudo aquilo que as comédias românticas sempre nos disseram. Até encontrar a mulher, o próprio desconfiava da noção de que o amor seria pura obra do acaso. Mas Peter Backus decidiu testar as suas probabilidades de encontrar o amor e, em 2010, partilhou os resultados num ensaio intitulado «Why I don’t have a girlfriend», «Porque é que não tenho uma namorada», em tradução literal.

Para chegar a um valor, aplicou a equação de Drake, originalmente desenvolvida para calcular o número de civilizações que existem no universo. Pelas estimativas, apenas 26 mulheres em todo o Reino Unido estariam interessadas nele, o que significava que tinha apenas uma oportunidade em 285.000 de encontrar a parceira ideal. E se lhe fosse apresentado um resultado similar, será que teria esperado para conhecer  a sua alma gémea num mero encontro casual?

Em busca da alma gémea

Todos gostamos de pensar que existe uma pessoa que cumpre o nosso ideal do homem perfeito. No entanto, a pessoa por quem nos acabamos por apaixonar, geralmente, não corresponde à imagem que perspetivamos na cabeça. E a forma como conhecemos alguém, provavelmente não seguirá a narrativa que criámos nos nossos sonhos. Além disso, nada garante que encontraremos a nossa alma gémea quando menos esperarmos. Essa era a teoria dos antigos, quando a obra do acaso estava apenas circunscrita a uma aldeia.

Agora a aldeia é global, o que dificulta muito mais o processo. Por este motivo, e porque a crise económica nos leva a passar mais tempo na internet, à procura de companhia e divertimento, os sites de relacionamento amoroso proliferam. Christopher Lynn, professor de Antropologia na Universidade do Alabama (EUA), diz que as pessoas «deixaram de ver os encontros online como último recurso». Esta é já a segunda forma mais popular de conhecer alguém.

Fórmula (in)falível?

Amy Webb decidiu que essa seria também a melhor opção para si. A empresária norte- americana manipulou os algoritmos dos sites de encontros para servirem as suas exigências e acabou por conhecer aquele que é hoje o seu marido. «A história de Amy é um exemplo de proatividade e astúcia, mas nem sempre será preciso tanto», comenta Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica da Oficina de Psicologia.

No fundo, o mais importante é «mantermo-nos atentas ao que se passa connosco e à nossa volta, refletirmos sobre o tipo de relações que estabelecemos, sem perdermos de vista o que nos faz bem e felizes», clarifica a especialista. Devemos saber que tipo de homem nos atrai e refletir se as pessoas com quem nos relacionamos correspondem ao que desejamos para uma relação amorosa. E, caso se aproximem do que pretendemos, isso significa que «a forma como se veste, comporta, interage, os locais que frequenta, e os canais através dos quais tem conhecido pessoas  e potenciais parceiros, relaciona-se com a sua verdadeira identidade e forma de estar na vida».

Por outrolado, na eventualidade dos homens que a abordam não corresponderem de todo à sua ideia do parceiro ideal, «vale a pena refletir sobre a imagem que poderá estar a passar e a forma como tem conhecido esses mesmos homens, procurando identificar padrões ou apontamentos que estejam a contribuir para tal», recomenda a psicóloga clínica. Isto é válido quer conheça alguém através do seu grupo de amigos ou através de sites.

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Exigência quanto baste

Filipa Jardim da Silva assegura que é importante «as mulheres, independentemente da sua idade, serem exigentes quanto a serem respeitadas e amadas numa relação, mas, também, suficientemente flexíveis para que possam permitir-se sentirem-se atraídas por um outro que,  à partida, pode não se encaixar no seu padrão». A idade e a sua origem, bem como o meio em que se move, pode não ser  o que esperava. Deve, no  entanto, haver espaço para que esse potencial parceiro possa conhecê-la e ser aceite.

Acima de tudo, sustenta a especialista, evite os comportamentos extremos. «É tão preocupante alguém que abdica de si com vista a arranjar um companheiro, como é prejudicial a perseguição por um protótipo de perfeição. Tendem a perpetuar-se padrões de relações mal sucedidas e um sentimento de solidão e frustração persistente», acrescenta.

Interessa, portanto, distinguir entre graus de exigência. Não devemos contentar-nos com uma relação que não nos faz feliz, do mesmo modo que não devemos tentar corresponder cegamente às normas sociais impostas pela nossa cultura e/ou pelo meio em que nos movimentamos.

O conselho mais ultrapassado

«Acontecerá quando menos esperares». É um conselho algo ultrapassado. Algumas mulheres interpretam este chavão como não tendo que se esforçar. Outras forçam a questão e acham que o primeiro homem que lhes sorri é um príncipe encantado saído de um filme da Disney. Porém, a verdade é que, atualmente, temos muito mais controlo  sobre a nossa vida. Só temos é de saber o que queremos.

Assim, antes de procurarmos uma relação estável devemos, segundo Filipa Jardim da Silva, «aprender a fazer companhia a nós mesmas, descobrir o que gostamos, consolidar quem somos e o que queremos, fortalecendo assim a identidade pessoal». Ficar no sofá todas as noites está fora de questão.

«Temos de colocar a lei das probabilidades a nosso favor», sustenta a especialista. Filipa Jardim da Silva defende que «nada substitui o contacto presencial, fundamental para ambos perceberem se têm empatia para uma possível amizade ou se, adicionalmente, se sentem fisicamente atraídos».

Dicas para atrair um parceiro online

Tenha sucesso nos sites de encontros, seguindo os conselhos dos especialistas:

- Não deixe que a vergonha de usar sites de encontros a impeça de aproveitar a vida. A felicidade não cai do céu, sem esforço.

- No perfil online, destaque os seus interesses e o que gosta de fazer (atividades lúdicas).  É informação útil para um eventual encontro.

- Mostre a sua personalidade, a sua faceta mais divertida, as suas peculiaridades. Permita que o outro veja como é interessante.

- Esteja aberta a conhecer pessoas diferentes de si.

- Num encontro, não fale em amor. Sorria e divirta-se!

Veja na página seguinte: Os aspetos a ter em conta antes de lançar o seu isco

Os aspetos a ter em conta antes de lançar o seu isco

Quando estiver a selecionar os seus critérios de escolha nos sites de encontros, tenha em atenção os seguintes aspetos:

- Proximidade geográfica

Procure preferencialmente alguém que viva na mesma cidade.

- Faixa etária

Estabeleça um intervalo de idades em que não se importaria de conhecer uma pessoa.

- Educação

Procure alguém que tenha tido experiências minimamente semelhantes, quer ao nível da formação, quer familiar.

- Interesses em comum

É importante haver pontos de contacto, para que não falte tema de conversa e se possam dar bem a longo prazo.

- Atração física

De acordo com o site de encontros okcupid, a nossa popularidade não é ditada pela aparência. Porém, recomendam que as fotografias de perfil sejam editadas com filtros, como os do instagram.

Onde encontrar a cara metade

Veja as várias plataformas online onde poderá encontrar um novo parceiro:

- À Maneira dela

- Lusomeet

Kroow

Felizes

Relacionamentos

Tinder

OkCupid

Be2

Meetic

- Amorenostrum

Texto: Filipa Basílio da Silva