As crianças convivem diariamente com situações de conflito um pouco por todo o mundo. Na escola, ouvem falar de ameaças nucleares e de ataques terroristas. Mais: tendo em conta que esses atos de terrorismo podem estar muito próximos da sua casa, é natural que fiquem assustadas e inquietas com a possibilidade de serem vítimas de algo que não compreendem.

Por outro lado, e como questiona a psicoterapeuta Amy Morin num artigo da CNN, “como é que se vai explicar um atentado que mata dezenas de pessoas inocentes a uma criança?” E o que responder quando perguntam se um ataque como o de 11 de setembro se pode repetir?

Admitindo que estas conversas são muito difíceis, a especialista diz ainda que “é importante dar às crianças informações adequadas” sobre a guerra. O ideal é falar do assunto apenas a partir dos 4 ou 5 anos, mas só se os miúdos fizerem perguntas. O adulto deve terminar sempre a conversa com o reforço de uma mensagem simples: “A guerra está longe, não corremos perigo”. Isto porque, diz Morin, “como pai ou mãe da criança, a sua função é garantir-lhes de que está segura e protegida.”

Se ela não abordar diretamente o assunto, mas já a tiver ouvido referir o tema, pode fazer perguntas simples como: “Algum de teus professores falou sobre isso na escola” ou “os teus amigos costumam conversar sobre isso?”

A criança pode ter ouvido alguma informação e não saber como organizá-la. Também pode ter visto algo na televisão sem que mais ninguém tenha dado conta. E se é difícil para um adulto entender a guerra, imagine-se para uma criança. “Compreender o que seu filho já sabe pode ser um bom ponto de partida para ter uma conversa. Seja um bom ouvinte e mostre que está interessado em ouvir o que ele pensa”, explica Amy Morin.

Se a criança questionar o propósito da guerra, é melhor optar por uma explicação simples, mas construtiva. Algo como: “os conflitos servem para evitar que mais coisas más aconteçam no futuro”. Também se pode dizer que é necessário proteger alguns povos no mundo. Mas nunca se deve deixar de sublinhar que “a violência é sempre uma péssima forma de resolver conflitos, embora por vezes os países optem por ela para manter as pessoas mais seguras no futuro”.

À CNN, Amy Morin diz que é importante restringir o consumo de informação bélica a crianças menores. “Assistir a uma repetição constantes de cenas violetas, como um ataque terrorista, pode ser traumatizante para miúdos em idade pré-escolar ou primária”, avisa.

Se é verdade que os pais devem ser honestos com os filhos, isso não implica que tenham de sobrecarregá-los com informações desnecessárias. “Mantenha a conversa num nível adequado à idade do seu filho para que ele não fique ainda mais assustado. Não minimize a gravidade do que se passa, mas tome consciência de que ele não precisa de saber detalhes”.

A psicoterapeuta aconselha ainda a evitar estereótipos nocivos. “Falar sobre um determinado grupo ou de um país em concreto pode levar a criança a desenvolver preconceitos. Seja cauteloso no que diz e mantenha o foco na tolerância, nunca na ideia de vingança”.

Se o seu filho já está na pré-adolescência, é natural que comece a formar as suas próprias opiniões – que nem sempre coincidem com as suas. Nesse caso, “tente respeitar as opiniões dele, mesmo que discorde delas, e evite discutir o assunto ou expressar-se de forma agressiva”. Ajuda bastante estar ao lado dele quando vê noticiários, embora, se mais velhos, possam aceder a esses conteúdos via tablet ou smartphone.