O médico e escritor brasileiro Francismar Prestes Leal descreveu muito bem a adolescência em três linhas: “Para disfarçar a dor/ Eu fingia ser o tal/ Pousando de imortal.”

Nem imortais nem valentes. Os adolescentes não têm a vida fácil. É nesse período que a escola se complica, que é preciso tomar decisões para o futuro, que se instala uma guerra tremenda com os pais e as hormonas e que persiste a dúvida permanente sobre quem se é e para onde se vai. “É o momento de definir a personalidade e espreitar a vida adulta”, diz um artigo do suplemento infantil e juvenil do jornal espanhol El Mundo. “Isso leva muitos adolescentes a acusarem a pressão através de um aumento de ansiedade. Um pouco mais tarde, já na universidade, essa pressão transforma-se em padrões idealistas e impossíveis de atingir. Por isso é tão difícil para os adolescentes sentirem-se bem consigo próprios”.

Um estudo de 2018 sugere que a perceção dos adolescentes sobre si próprios é determinante para o seu bem-estar emocional. “Embora existam outros aspetos que contribuem para essa harmonia, tudo indica que sentir-se bem é uma forma privilegiada de se ligarem aos outros e beneficiarem das oportunidades que a vida lhes oferece”.

Com base nesta premissa, o El Mundo elaborou uma lista de ideias para que os adolescentes melhorem a sua autoestima e comecem a sentir-se melhor consigo próprios:

1. A importância do exercício físico

Nunca é demais lembrá-la. Várias pesquisas provam os benefícios do exercício físico para o corpo e para a mente. Quase 40 estudos internacionais mostraram que só a atividade física pode melhorar consideravelmente a autoestima, especialmente se praticada em espaços dedicados ao desporto.

A perceção dos adolescentes sobre si próprios está muito associada ao grau de atração física que julgam possuir. O desporto ajuda a manter uma imagem bonita de seu corpo e incentiva a fazer mais exercício fora da escola, especialmente desportos coletivos como o futebol e o basquete, treino de força, corrida, natação, ioga, pilates ou artes marciais.

Quando começar a notar diferenças no corpo, o adolescente passará a sentir-se melhor. Além disso, praticar desporto “torna-os mais fortes, saudáveis ​​e confiantes”.

2. Promova a autocompaixão

A autoestima leva a uma avaliação de si próprio, e isso acarreta o perigo de descobrir deficiências logo consideradas intransponíveis. A autocompaixão, por seu turno, implica uma atitude bondosa, de abertura e aceitação. “Praticar a autocompaixão faz com que a pessoa aceite os seus defeitos, perceba que os outros também os têm e que, dessa forma, passe a tratar o semelhante da forma como quer ser tratada.

Ninguém é perfeito e quanto mais cedo eles perceberem isso, melhor”, lembra o El Mundo.

3. Evite comparações sociais

Atenção aos excessos. Dar demasiada importância à autoestima faz com que se passe o tempo a fazer comparações com os outros. E se os adolescentes já se sentem muitas vezes (e sem razão) o centro das atenções, estabelecer esses paralelos constantes pode fazer com que se afirmem por comparação.

Por outro lado, as redes sociais, como o Facebook e o Instagram, não ajudam porque estimulam a comparação de vidas normais com existências retocadas, cheias de imagens e slogans artificiais. Isso já levou à produção de diversos estudos que estabelecem um paralelo entre a depressão e a ansiedade adolescente, motivadas pelas redes sociais.

Claro que a comparação social também existe fora das redes sociais e a escola é um bom exemplo disso – é difícil integrar os erros naturais do processo de aprendizagem e o progresso individual de cada aluno no todo exemplar. Nesse sentido, a escola pode tomar medidas para evitar a comparação social, como não divulgar as notas ou fornecer aulas de apoio aos que apresentam mais dificuldades de aprendizagem.

4. Tirar proveito das próprias qualidades

Muitos adolescentes sentem-se mal por pensarem que não conseguem desempenhar certas tarefas com o primor dos amigos. Mostre-lhes que têm as suas próprias qualidades. Se descobrir os interesses e os talentos ocultos do seu filho, pode ajudá-lo a cultivá-los. Para isso, procure atividades que potenciem esse talento e ajude-o a ficar mais confiante.

5. Ajudar os outros (especialmente os desconhecidos)

Quando os adolescentes ajudam os outros, sentem-se melhor consigo próprios porque se desfocam. “Para ajudá-los, apoie atividades de voluntariado e aproveite o interesse deles para estimular o conhecimento do mundo.”