Más notas, chumbo. Conhece alguma destas palavras? Se sim, é possível que estas férias estejam a ser muito diferentes daquilo que idealizou. María Campo, docente de Orientação Educacional da Família da UNIR (Universidade na Internet) diz que esta situação é altamente geradora de conflitos na família.
Ao jornal ABC, a espanhola explica que, nestes casos, “geram-se emoções complicadas de gerir”, e que provocam raiva e comportamentos imprudentes. “Gritos, lágrimas represálias... há muitas consequências, algumas mais perigosas, até, do que o facto de ter sido suspenso ou ter reprovado”, salienta María Campo, lembrando que o procedimento mais comum é o castigo em que se suspendem todas as atividades que agradam à criança ou adolescente.
“Desta forma, os pais acreditam que o filho vai trabalhar mais e obter resultados mais rapidamente. O que muitas vezes não acontece”, explica a especialista, deixando algumas recomendações: “É importante que os pais pensem bem nas palavras que vão utilizar e que procurem controlar ao máximo as suas emoções, de forma a não prejudicar a autoestima dos miúdos”. Isto porque, acredita, “gerir mal um fracasso pode tornar esse fracasso recorrente”.
Os especialistas são unanimes em defender que é preciso começar por questionar a origem do problema. “Ninguém nasce preguiçoso. Os maus resultados podem ser produto de dificuldades de aprendizagem não diagnosticadas”, diz Ana Herrero, psicóloga da Brains International School, aconselhando os pais a acompanharem mais as crianças nos estudos, nem que sejam explicando-lhes que devem estudar e que desse trabalho depende uma série de regalias.
“A maioria dos fracassos resulta de falta de organização ou de um estudo ineficiente. Outra boa percentagem prende-se com uma dificuldade específica não detetada. Só um pequeno número de alunos tem problemas de autocontrolo, apesar de estudarem com alguma regularidade”, defende María Campo, explicando que “apesar de ter vários destes alunos, os pais tendem a pô-los a todos no mesmo saco, o que é um grande erro”. Ficam então cinco conselhos básicos para lidar com este problema.
Confie, não castigue
É bom saber a origem dos maus resultados para aplicar uma solução à medida. Por exemplo, “não os deixar sair de casa pode ser uma opção para miúdos que não se esforçaram, mas não será a única nem a mais adequada para quem sentiu dificuldades no estudo”, defende Maria Campos. “É preciso exigir que as crianças estudem e se esforcem, mas ajudando-as”. Se assim for, garante, “os resultados serão melhores do que os obtidos com um castigo e uma manifestação de fúria”.
Seja mais presente
“É importante estar perto deles para que se sintam encorajados a estudar”, aconselha a professora, explicando que “tal procedimento não funciona da mesma forma com amigos ou familiares próximos. Devem, pois, ser os pais a mandar os miúdos estudar e fazer os trabalhos de casa”
Faça as contas
Uma das questões que mais atravessa a mente dos pais é esta: vale a pena mandá-los estudar durante as férias? “Talvez não, mas também não podem agir como se nada se tivesse passado”, diz a diretora da Universidad des Padres, Eva Marina. Outra pergunta comum: será que eles precisam de um tempo para limpar a cabeça? “O cérebro é um músculo e também precisa de descanso para recuperar e regenerar”, defende María Campo, para quem o prazo de duas semanas é suficiente para descansar física e mentalmente, retomando depois o estudo de forma mais produtiva. “Todos temos o direito de parar um pouco”, sublinha a psicóloga Ana Herrero.
Trace um plano
Os diversos especialistas citados pelo ABC ressalvam que o castigo do ‘mau aluno’ não se pode estender à família. E recomendam a elaboração de um plano de estudo para o ‘infrator’. “É bom que a criança aproveite a parte da manhã para estudar ou rever matéria, durante cerca de duas horas diárias. Não é bom tirar-lhe as férias todas, mas ela deve perceber que o chumbo tem as suas consequências”, explica María Campo.
Promova a leitura… e não só
Os que passaram de ano e os que obtiveram maus resultados podem reunir-se em torno de um objetivo comum: “continuar a aprender, longe da sala de aula e da rotina”. “É bom que mantenham o hábito de ler, que se mantenham curiosos e até que sejam estimulados a fazer um álbum de férias, onde possam incluir fotografias e relatos de aventuras”, sugere a psicóloga Ana Herrero. Rematando: “É uma forma de se manterem ativos, sem esquecer que estão de férias”.
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