Já alguma vez pensou no que seria ter pais perfeitos? Bem, então pense agora. Imagine que os seus pais nunca tinham cometido um erro quando estava ao cuidado deles. Apostamos que cometeram, mas imagine que eram mesmo pais-modelo – que a sua mãe tinha sempre razão. Acha graça? É claro que não.

 

Pois bem, as crianças precisam de poder espernear quando estão a crescer. Precisam de alguém a quem possam deitar culpas e parece que é aos pais. Por isso podemos dar-lhes efetivamente alguma razão para o fazerem.

 

E como será isso? Nada de cruel ou ofensivo, evidentemente – basta escolher algo que não seja excessivo e dê mostras de uma certa fragilidade humana. Talvez seja um bocadinho alienado? Ou tenha tendência para pressionar demasiado os filhos? Será que é um bocadinho neurótico em relação a ter tudo limpo e arrumado? Ou, melhor ainda, nem vale a pena estar à procura de qualquer fraqueza. Siga simplesmente com as suas imperfeições naturais e não terá de fazer esforço algum. O mais provável é que tenha um ou dois defeitos que lhe vão dar jeito.

 

Como é evidente, isto não significa que não tenha de se preocupar, que não precise de aperfeiçoar as suas competências como mãe ou pai. O que, aliás, tornaria supérfluas as restantes regras desta lista.

 

Significa apenas que não deve martirizar-se quando vê que não consegue cumprir o modelo que impôs a si mesmo. Afinal, que exemplo daria aos seus filhos se fosse uma pessoa incapaz de errar, mesmo que só um bocadinho? Provavelmente não gostaria de ter de viver com pais assim e acho que os seus filhos também não.

 

Eles censuram os pais sempre por alguma coisa e têm necessidade de o fazer. Se os pais fossem perfeitos, os filhos teriam toda a razão em censura-los por isso. Os pais não podem vencer. Apenas podem ter esperança de que um dia, principalmente se os filhos vierem a ser pais, compreendam que devem estar gratos por não terem tido pais perfeitos.

 

Ideia-chave:

Os filhos censuram sempre os pais por alguma coisa e têm necessidade de o fazer.

 

 

Texto adaptado por Maria João Pratt

Fonte: 100 regras para educar o seu filho (2009), de Richard Templar - Editorial Presença

 

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