O Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou hoje o relatório “Estado da Educação 2016”, no qual faz um retrato socioeconómico dos alunos e do seu desempenho académico, assim como da rede de escolas, do universo de professores e diretores e do financiamento atribuído a esta área, que abrange desde as crianças que entram para o pré-escolar até aos adultos que decidem voltar à escola.

O número de alunos que abandonou a escola antes do tempo aumentou no ano passado, contrariando a tendência de diminuição que se vinha a verificar nos últimos anos, segundo o documento.

No ano passado, a taxa de abandono precoce de educação e formação atingiu os 14%, ficando a quatro pontos percentuais da meta europeia definida para 2020. Mais de metade dos jovens que abandonaram a escola em 2016 estava a trabalhar, refere o relatório.

Para o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), a questão do abandono escolar é preocupante particularmente num momento em a escolaridade obrigatória é de 12 anos. “É um diagnóstico um bocado cinzento e que nos leva a perguntar o que se esta a passar com a escola pública obrigatória”, disse Rui Martins.

Para a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Jorge Ascensão, o relatório revela algumas das preocupações que os pais têm alertado, nomeadamente o modelo de avaliação e de acesso ao ensino superior. “A CONFAP tem insistido nesta necessidade de repensar o modelo de ensino, de avaliação e de acesso ao ensino superior para evoluir num processo educativo que possa abranger todos e contrariar os indicadores”, disse.

Jorge Ascensão considera que a preocupação educativa tem sido centrada no currículo e na perspetiva laboral, mas o essencial é centrar esse debate nas crianças e jovens e nas respostas adequadas para o seu desenvolvimento.

O presidente da CONFAP defende um compromisso alargado entre todos os agentes políticos para refletir sobre o que efetivamente está a falhar e o que é preciso fazer para que a educação possa ser para todos.