No dia em que vão ser discutidas iniciativas de bloquistas, socialistas e ecologistas sobre a adoção plena de crianças por casais do mesmo sexo (embora a proposta do BE já abra caminho ao registo civil de crianças geradas através de inseminação artificial), ficou assim marcado o debate sobre a procriação medicamente assistida (PMA), até agora só autorizada a mulheres casadas ou unidas de facto e com infertilidade diagnosticada.

"Resolver os obstáculos presentes na lei atualmente em vigor e que não permitem o acesso às técnicas de PMA por parte de muitas pessoas, designadamente mulheres solteiras", é um dos propósitos do texto do BE, que defende não haver uma "razão válida que justifique a exigência da condição de casado ou equivalente para poder aceder às técnicas da PMA".

Para o BE, "uma mulher sozinha - seja qual for a sua orientação sexual - ou uma mulher casada com outra mulher, sejam férteis ou inférteis, devem poder concretizar o desejo de ser mães".

O documento do grupo parlamentar socialista "elimina os requisitos que condicionavam o acesso em função do estado civil e da orientação sexual dos casais, passando a exigir apenas a maioridade, a ausência de interdição ou inabilitação por anomalia psíquica e a prestação de consentimento informado".

"Finalmente, a presente iniciativa admite igualmente um pequeno alargamento da possibilidade (já admitida na lei em vigor) de inseminação ‘post mortem’, sempre que tal corresponda a um projeto parental previamente consentido pelo dador", lê-se ainda.