Em Portugal existe um professor a tempo inteiro para cerca de dez alunos, segundo o relatório anual da OCDE “Education at a Glance 2014”, que sublinha que este rácio nem sempre é sinónimo de turmas pequenas.

 

De acordo com o relatório sobre educação hoje divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os alunos portugueses têm mais professores a tempo inteiro do que a média dos 34 países da OCDE avaliados.

 

Desde o 1.º ano até ao liceu, as escolas portuguesas surgem sempre com um rácio de um docente para um grupo que ronda os dez estudantes.

 

Já a média da OCDE aponta para que nas escolas do 1.º e 2.º ciclo exista um professor para cada grupo de 16 alunos e, no ensino secundário, haja um docente para cada 13 estudantes.

 

No entanto, este rácio médio varia consoante os países em análise: no México, por exemplo, há um professor a tempo inteiro para 30 alunos; já a Austrália, Bélgica, Indonésia e Portugal, têm “menos de dez alunos”, lê-se no estudo.

 

No entanto, estes números nem sempre são sinónimo de turmas mais pequenas, segundo os responsáveis pelo relatório, que explicam que para formar uma turma é preciso ter em conta variáveis como o número de horas semanais de trabalho de um professor, quanto tempo tem de estar a ensinar e o número de horas que os alunos têm aulas.

 

O relatório da OCDE dá um caso concreto: tanto nos Estados Unidos como em Israel há um rácio de 15 alunos por professor, mas, depois, nas salas de aula norte-americanas sentam-se 21 estudantes, enquanto das de Israel são 27.

 

Ter poucos alunos por professor é uma das medidas escolhidas por alguns dos países que mais apostam em educação: “Por exemplo, entre os dez países que mais investem por aluno no 2.º e 3.º ciclo, a Dinamarca, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Suíça e Estados Unidos têm os professores com salários mais elevados, depois de 15 anos de experiência, enquanto a Austrália, Finlândia, Luxemburgo e Noruega têm alguns dos rácios mais baixos entre alunos/professores”, refere o estudo.

 

O relatório recorda, no entanto, um estudo realizado no ano passado sobre o impacto do tamanho das turmas na satisfação profissional dos professores, que concluiu que mais importante do que ter grupos pequenos é não ter grandes problemas comportamentais.

Conscientes de que o tamanho das turmas poderá preocupar os pais no momento de escolher a escola, os investigadores foram comparar o ensino público com o privado e perceberam que, em média, nos países da OCDE não existem grandes diferenças - “pode haver menos dois alunos”.


No entanto, revela o relatório anual, os estudantes do privado têm, em média, mais uma hora de trabalho de casa semanal do que os alunos que frequentam o ensino público, sendo que no caso de Portugal a diferença ultrapassa a hora e meia por semana.

 

Na maioria dos países analisados, os professores passaram a estar mais tempo na sala de aula: em Portugal, o tempo de aula aumentou cerca de 20% entre 2000 e 2012 e em Espanha o aumento foi de 26%.

 

Mas, estar mais tempo na sala pode não ser sinónimo de mais transmissão de conhecimentos, alerta o relatório, chamando a atenção para outro estudo de 2013 da OCDE que revela que, em média, os docentes passam apenas 79% do tempo a ensinar, sendo o resto do tempo para trabalho administrativo e para manter a ordem dentro da sala de aula.

 

Portugal volta a ficar abaixo desta média, com os docentes a terem menos tempo para ensinar e a perder mais tempo para garantir o bom comportamento dentro da sala.

 

O relatório diz ainda que, em 2012, um em cada três docentes (36%) do liceu tinha pelo menos 50 anos.

 

Nesta análise, os italianos surgem como o grupo dos profissionais mais experientes, já que mais de 60% tinha mais de 50 anos, enquanto Portugal surge entre os mais jovens, com apenas um pouco mais de 25% do total dos docentes a ter 50 ou mais anos.

 

No entanto, o relatório aponta Portugal como um dos quatro países – além da Itália, Japão e Coreia – onde se registou um aumento de, pelo menos, dez pontos percentuais em apenas uma década do grupo de docentes com pelo menos 50 anos.

 

As mulheres continuam a ser uma maioria nesta profissão, representando dois terços de quem dá aulas no secundário, mas a sua presença vai diminuindo consoante se avança no nível de ensino: na pré-primária representam 97% dos profissionais e no superior representam apenas 42% dos docentes.

 

Por Lusa