A Porto Editora lançou dois blocos de atividades para meninas e meninas, dos 4 aos 6 anos, com aspeto gráfico diferente, mas também exercícios e graus de dificuldade que variam em função do género.
A denúncia foi feita pela página de Facebook da associação feminista "Capazes".
"Para as mentes brilhantes que o pensaram, meninas e meninos não podem realizar as mesmas atividades e para abrilhantar a coisa, as tarefas das meninas envolvem princesas à procura de coroas em labirintos básicos... Já as dos meninos convocam marinheiros à procura de barcos em labirintos mais complexos", lê-se na página.
Críticas variadas
Teresa Vasconcelos, que participou na implementação da rede pública de pré-escolar entre 1996 e 1999, aponta críticas aos livros.
"Eu acho inconcebível e hoje em dia não faz sentido diversificar os materiais escolares", diz Teresa Vasconcelos, Professora Universitária na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa.
"As crianças absorvem tudo, são esponjas como savemos, e estão a aprender a sua identidade enquanto meninos e meninas. Ao pôr-lhes isto nas mãos estamos a dizer-lhes que são cor-de-rosa ou azul", comenta em declarações à SIC Notícias, reivindicando a retirada do mercado dos manuais por parte da editora.
O livro tem exercícios com graus de dificuldade diferentes consoante os géneros das crianças o que está a motivar várias denúncias e demonstrações de repúdio por parte dos pais.
Porto Editora rejeita acusações
Susana Batista, da Porto Editora, nega que os livros sejam discriminatórios com base no género.
"Os enunciados são os mesmos, as competências são as mesmas, por isso, no fim, as competências trabalhadas são as mesmas e com o mesmo grau de dificuldade", diz em declarações à referida estação de televisão.
Susana Batista refere mesmo que os livros estão a ter bastante aceitação junto dos encarregados de educação e que as vendas dos mesmos aumentaram depois do reajuste gráfico.
Comissão investiga
A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) está já a analisar os dois blocos de atividades publicados pela Porto Editora.
Na sua página do Facebook, a CIG informa que tem recebido muitos alertas sobre esta situação, que foi denunciada na terça-feira nas redes sociais, acrescentando que depois da análise das publicações irá "agir em conformidade".
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