O presidente da Associação de Pais, Domingos Alberto, disse à Lusa que, apesar do levantamento do boicote, a luta contra a turma mista “vai continuar”.

“Para já, foi-nos prometido que seria colocado um professor de apoio para a turma mista, que fará 15 horas semanais. Na prática, esse professor assegurará as aulas da parte da manhã. Será que, por mais duas horas à tarde, era muito difícil pôr o professor a tempo inteiro?”, questionou.

Para a Associação de Pais, esta solução é apenas “um remedeio”, pelo que a luta pela constituição das quatro turmas, uma para cada ano, vai continuar, desde logo com um abaixo-assinado que será depois enviado ao Ministério da Educação.

Posteriormente, “poderão ser tomadas novas formas de luta”. “A questão fundamental é que a razão nos assiste, a escola tem todas as condições para as quatro turmas”, sublinhou. Lembrou que, há sete anos, a escola de Aborim passou a servir também as freguesias vizinhas de Quintiães e Aguiar, tendo sido dada a “garantia” de que não haveria turmas mistas.

Explicou que, para este ano letivo, a escola de Aborim contava com 14 alunos para o 1.º ano, quatro dos quais condicionais por ainda não terem completado 6 anos, e 16 para o 3.º ano. Com este número de alunos, 30 no total, seria impossível formar uma turma mista, uma vez que cada turma não pode ter mais de 26 estudantes.

"A tutela sugeriu que os quatro alunos condicionais ficassem mais um ano no pré-primário ou escolhessem outras escolas. Os pais acabaram por os matricular noutras escolas e, assim, já foi possível formar uma turma mista com 26 alunos", frisou Domingos Alberto.

A Câmara de Barcelos já garantiu que "tem feito todos os esforços e diligências" para manter as quatro salas na EB 1 de Aborim, mas sublinhou que a gestão e constituição de turmas não é competência do município.

"A gestão e constituição de turmas não é competência do município, mas este tudo tem feito, junto das entidades competentes, para que não haja redução do número de turmas, dado que em julho estavam matriculadas 82 crianças", refere a câmara, em nota enviada à Lusa.

O Ministério da Educação, por sua vez, lembrou que as turmas mistas são "a exceção", sublinhando que a tendência demográfica e a migração da população condicionam a gestão da formação das turmas, "havendo casos em que há apenas um ou dois alunos de um determinado nível".

"Isto implica tomar a decisão difícil de escolher entre deslocar estas crianças para localidades que podem ficar a dezenas de quilómetros ou inseri-las em grupos mistos", acrescentou.