O aumento da escolaridade obrigatória, o crescente número de alunos por turma, o reduzido tempo das famílias para acompanhar as crianças e a alteração dos valores da sociedade perante a escola, levaram a um aumento dos casos de insucesso escolar nos últimos anos, e em crianças cada vez mais jovens., afirma Maria Amélia Dias Martins, professora de Ensino Educação Especial e especialista em Psicopedagogia Especial. Estes dados resultam de um estudo realizado durante a sua tese de doutoramento, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto e que concluiu que os pais procuram ajuda profissional para os problemas dos seus filhos, muitas vezes, tarde de mais. De acordo com a especialista, é no terceiro período escolar que os pais mas procuram ajuda. "No entanto, quanto mais cedo se proceder a uma intervenção psicológica, melhores são os resultados para as crianças", conclui. Em mais de 30 anos de experiência profissional, Maria Amélia Dias Martins conseguiu formar uma espécie de cronologia do insucesso escolar: "Nas avaliações intercalares do primeiro período, alguns pais repreendem oralmente e outros pagam explicações; no fim do 1º período, castigam; no início do segundo período, ameaçam com castigos e repressões; nas reuniões intercalares do segundo período, começam a ficar preocupados e a tentar perceber o que está a acontecer, e o que hão -de fazer e, no final do segundo período, surge uma avalanche de pais aflitos, à procura de milagres junto dos médicos e psicólogos. Nesta altura, os pais procuram os profissionais especializados, ávidos de saber o que impede os filhos de ter boas notas". De acordo com a docente, quando os pais não procuram apoio atempadamente, as crianças podem apresentar sintomas de ansiedade ou sinais depressivos, tais como com especial incidência perturbações do sono (sono agitado, terrores noturno,…), perda de apetite, dores sem causa física aparente (dores de cabeça, “dores de barriga”), tristeza e/ou isolamento (choram, dizem que ninguém gosta delas); aumento da desmotivação escolar (não fazem ou esquecem-se do trabalho de casa, inventam desculpas para não ir para a escola); aumento de problemas comportamentais (irritação, irrequietude e/ou agressividade). O insucesso escolar da criança pode, também, levar a conflitos entre a criança e o professor e entre a criança e os pais. Todos estes fatores, resultantes do insucesso escolar, tendem a agravar-se, se não forem foram adotadas as medidas mais corretas para debelar as causas que explicam o insucesso manifestado pela criança.
20 de Fevereiro de 2012