Os pais dos alunos inscritos na escola básica da Lapa do Lobo, Nelas, prometeram hoje, numa concentração na Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), em Coimbra, continuar a levar os filhos à escola encerrada "por tempo indefinido".

 

Até haver uma resolução quanto ao encerramento ordenado pelo Ministério da Educação, "os pais vão continuar a levar as crianças à escola pelo tempo que seja necessário", afirmou Odete Marques, mãe de uma das crianças inscritas, considerando que o "sacrifício" de as crianças não terem aulas "vai valer a pena".

 

Segundo a encarregada de educação, "não faz sentido haver a Fundação Lapa do Lobo, que tem investido imenso em atividades culturais e de educação para fixar as pessoas, e depois o Ministério investir na desertificação da freguesia".

 

Ao todo, são 16 os alunos inscritos na escola, que, segundo o Ministério da Educação, teriam que se transferir para a escola de Canas de Senhorim, em que as condições "não são melhores do que em Lapa do Lobo", sublinhou José Carlos Chamiço, pai de uma aluna, frisando que o "agrupamento tem recursos para manter a escola".

 

Em frente à DGEstE, manifestaram-se mais de 100 pessoas da freguesia, que se deslocaram de autocarro até Coimbra, gritando "Queremos a nossa escola" e empunhando cartazes onde se podia ler "Uma terra sem escola é um deserto" e "Encerrar a escola é andar de cavalo para burro".

 

Para o presidente da Câmara de Nelas, Borges da Silva, presente na concentração na DGEstE, a luta da população da freguesia de Lapa do Lobo "é uma luta justa", referindo que há situações idênticas, como é o caso de Aguieira e Vale de Madeiros, em que as escolas se mantêm em funcionamento.

 

"Não há razão para encerrar uma escola com 15 alunos, mais 16 no pré-escolar. Nos últimos quatro anos, a Fundação Lapa do Lobo investiu mais de 10 milhões de euros na localidade e o ministério caminha no sentido contrário", protestou.

 

De acordo com Borges da Silva, "alguém é burro para tomar esta decisão”.

 

Criticou também "o silêncio e desprezo" a que é remetido quando tenta contactar com a secretaria de Estado.

 

"Desde segunda-feira que estamos a tentar contactar a secretaria de Estado e ainda não conseguimos passar da telefonista", salientou, acrescentando que vai estar na sexta-feira, “a partir das 09:00, à porta do Ministério da Educação para ser recebido".

 

O autarca frisou que a Câmara de Nelas estaria disposta a "pagar o vencimento do professor", recordando que "as refeições, o transporte e os funcionários" ligados ao funcionamento da escola também são municipais.

 

"Não há qualquer estímulo por parte do Governo a um autarca para fixar a população e desenvolver uma zona do interior do país", disse, após a reunião com a DGEstE.

 

Em julho, a Câmara de Nelas tinha aprovado por unanimidade uma moção de repúdio ao Governo, por ter decretado o encerramento de quatro escolas primárias no concelho, todas elas do Agrupamento de Escolas de Canas de Senhorim.

 

"Tal encerramento é feito sem que em tal decisão tenha sido respeitada a posição da Câmara de Municipal e das juntas de freguesia das localidades envolvidas, autarquias que sempre se manifestaram contra tal encerramento", evidenciaram na altura.

 

Por Lusa