O Museu do Brinquedo, em Sintra, está em risco de fechar, uma vez que no final do ano deixa de receber dinheiro da autarquia e fica impedido de permanecer gratuitamente nas instalações municipais, disse à Lusa a diretora.

 

Os mais de 60 mil brinquedos do colecionador João Arbués Moreira estão em exposição há já 26 anos. Mas, devido à nova legislação sobre fundações, o Museu do Brinquedo pode ter os dias contados. “Não sei o que vai acontecer. Pode fechar ou ir para outro sítio”, disse à Lusa Ana Arbués Moreira.

 

A diretora reconhece que a autarquia está de mãos atadas, uma vez que caso o município decidisse ajudar “perdia dez por cento da verba que o Governo dá às câmaras”.

 

Por isso, Ana Arbués atribui responsabilidades ao Governo: “A legislação para as fundações foi feita de forma transversal. Nem viram, nem sabem, nem fazem ideia nenhuma, nem sequer visitaram o museu. Esta é uma fundação que vive com o apoio de cinco mil euros. Tem um património, está aberta todo o ano, desde as dez às 18:00, com atividades e visitas guiadas”.

 

A direção já recebeu uma carta da autarquia anunciando a “cessação dos apoios financeiros", na qual reconhece que “não tem nada para pôr" naquele espaço: “Se nós sairmos vai ficar aqui um edifício abandonado”, garantiu Ana Arbués.

 

A visita ao museu “pode ser uma aula de história divertida”, contou a diretora do museu e mulher do colecionador, lembrando que ali se pode descobrir “como eram as casas, como as pessoas se vestiam, como eram os carros ou os soldados e aprender sobre as guerras…”

 

Apesar do valor da coleção que conta com peças antigas e de todo o mundo, em dezembro a Câmara Municipal de Sintra fica impedida de atribuir o subsídio mensal de cinco mil euros e deixa de poder ceder graciosamente o edifício onde o museu está instalado desde 1997.

 

A coleção da Fundação Arbués Moreira recebe, em média, mais de 50 mil visitantes no antigo quartel dos bombeiras da Vila, onde é possível passar a conhecer "a história do homem".

 

Houve anos em que chegou a receber mais de cinco mil visitantes por mês, mas agora a média mensal baixou para os 3.300: “Neste momento, o museu está com graves dificuldades financeiras. Além da crise geral, até a falta de carrinhas para trazer os meninos tem tido um reflexo enorme na receita do museu”, contou à Lusa a diretora.

 

No entanto, a direção acredita que será possível viver apenas das receitas de bilheteira, desde que arranjem um espaço sem custos para expor a coleção.

 

O próximo Dia Mundial da Criança ainda será comemorado no Museu do Brinquedo, que vai estar aberto durante todo o dia, com entradas gratuitas e presentes para todas as crianças até aos 12 anos.

 

A Agência Lusa contactou o gabinete do presidente da autarquia, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.

 

Lusa