A última reunião do grupo de trabalho criado para chegar a uma proposta de alteração ao Código da Publicidade decorreu hoje, mas sem todos os partidos representados, pelo que se decidiu não realizar a votação indiciária prevista de um texto final, até, porque apesar de se ter chegado a “uma proposta bastante consensualizada e equilibrada”, há ainda questões “a dirimir”, explicou à Lusa o coordenador do grupo de trabalho, Carlos Silva, deputado do PSD.

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As questões ainda por fechar serão discutidas na reunião da comissão parlamentar de economia, na próxima semana, antes da votação da proposta final, acrescentou o deputado.

“Acabou por haver uma aproximação entre todos os partidos, que conduz, com certeza, a uma lei mais equilibrada, seja do ponto de vista da indústria, seja do ponto de vista de quem pretendemos proteger, que são neste caso as crianças e os menores de idade”, afirmou.

A idade é a principal divergência ainda por sanar: depois de uma proposta inicial do PS, PAN e Os Verdes, que apontava para restrições à publicidade a menores de 18 anos a produtos alimentares com elevado teor de açúcar, sal ou gordura, potencialmente prejudiciais à saúde e causadores de obesidade, o PSD decidiu apresentar uma proposta de alteração para restrições a partir de 12 anos, assente em estudos e consulta de especialistas, que indicam que a partir desta idade as crianças percebem o que é ou não publicidade e quando estão a ser condicionadas a um consumo específico, disse Carlos Silva.

“Entendíamos que os 18 anos era excessivo, na medida em que os adolescentes, a partir dos 16 anos podem desde praticar aborto até mudar a identidade de género na conservatória. Portanto, não poder receber publicidade para um chocolate ou para uma Coca-Cola parecia-nos bastante excessivo. Entretanto o CDS-PP fez uma proposta no sentido dos 14 anos. É sobre essa base que estamos a trabalhar e a tentar encontrar uma solução sobre isso. O Partido Socialista ficou de pensar” sobre esta alternativa, disse o coordenador do grupo de trabalho.

Ainda sem acordo entre todos os partidos está também a questão da publicidade nas escolas e na sua zona envolvente. Carlos Silva disse que para o PSD é claro que o interior da escola é uma zona de “tolerância zero”, excluindo qualquer publicidade nesses espaços, mas no que diz respeito ao exterior, “depende da idade” que ficar definida no texto para introdução de restrições.

Se a proposta se fixar nos 14 anos, Carlos Silva disse que o PSD entende que a impedir publicidade num raio de 100 metros da escola – como propõe agora o PS, que começou por propor uma área de exclusão de 500 metros – “é adequado”, mas se se fixar a idade nos 12 anos, então “deixa de fazer sentido” qualquer restrição, uma vez que até aos 12 anos as crianças costumam ser acompanhadas dos pais ou encarregados de educação até à escola.

Sobre a publicidade televisiva, o deputado adiantou que está praticamente decidido que as restrições se vão aplicar a um período de meia hora antes e meia hora depois dos programas para crianças com uma quota de audiências superior a 25%.