"Foram libertados esta manhã. Portanto, foram detidos por nada. As autoridades fecham as pessoas durante quatro dias num sítio onde não há garantias de assegurar os gestos barreira necessários neste momento, nem o distanciamento social e acabam por ser libertados", afirmou Laure Palun, diretora da Associação Nacional de Assistência Fronteiriça para Estrangeiros (Anafé) em declarações à Agência Lusa.
O casal e o bebé, de cerca de um mês, estavam retidos desde domingo numa zona do aeroporto parisiense destinada aos viajantes que não têm autorização de entrada no território francês e que aguardam o repatriamento.
Segundo a Anafé, esta zona não é normalmente destinada a cidadãos da União Europeia, que têm direito de livre circulação, mas durante o estado de urgência sanitária decretada pelas autoridades francesas, vários europeus têm-se encontrado privados de entrar no país.
"Para entrar agora no território há leis e circulares específicas, o que significa que nem todos os cidadãos europeus podem entrar, mas mesmo essas regras não são muito claras. Assim, a partir do 12 de maio, foi estabelecido que há mais liberdade de circulação para os europeus, mas não é automático", explicou Palun, acrescentando que o único motivo de detenção dado pela polícia a este casal foi o atual estado em vigor no país.
Esta associação denuncia que na zona de espera não há as condições necessárias para ter um bebé, já que se trata de quartos não adaptados a crianças.
"É um quarto não adaptado para bebés, não há uma cama de bebé, por exemplo. Em Roissy há a Cruz Vermelha, que vai dar leite e fraldas, mas não há nada previsto para acolher um bebé", sublinhou.
Segundo Laure Palun, o pai cabo-verdiano vive em França e a mãe portuguesa viveria em Portugal. Após o nascimento do bebé em Portugal, o casal veio para se instalar definitivamente em França onde o pai tem promessa de trabalho, família e residência.
Este não é único caso de portugueses detidos nas fronteiras francesas neste período de estado de urgência sanitária em França. No final da semana passada, segundo a Anafé, 17 trabalhadores temporários portugueses que vinham para trabalhar na agricultura foram reenviados para Portugal.
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