O secretário-geral das Nações Unidas alertou hoje que a juventude atual, particularmente afetada pela crise económica mundial, corre o risco de se transformar numa "geração perdida" se não forem tomadas medidas urgentes.
Numa mensagem a propósito do Dia Internacional da Juventude, que se assinala no domingo, Ban Ki-moon apela por isso aos governos, ao setor privado, à sociedade civil e às universidades que "abram as portas" aos jovens e reforcem parcerias com organizações lideradas por jovens.
"Vamos apoiar os jovens do nosso mundo para que eles se tornam adultos que criem gerações de líderes ainda mais produtivos e poderosos", diz o secretário-geral. Para o responsável máximo da ONU, a atual geração de jovens é a maior que o mundo jamais conheceu, mas muitos, "incluindo aqueles que são altamente qualificados, têm salários muito baixos, estão em empregos sem futuro ou desempregados". "A crise económica mundial atingiu mais gravemente a juventude e muitos estão compreensivelmente desanimados por causa das desigualdades crescentes", pode ler-se na mensagem.
Sublinhando que o trabalho com os jovens e para os jovens é uma das suas principais prioridades, Ban Ki-moon considera a juventude "uma força transformadora": "São criativos, engenhosos e agentes entusiastas da mudança, quer seja na praça pública, quer no ciberespaço". E recorda que, tanto nos seus "esforços para alcançar a liberdade, democracia e a igualdade", como na sua mobilização em torno da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, "a juventude demonstrou uma vez mais, energicamente, a sua capacidade e o desejo de inverter o curso da história mundial".
Ban Ki-moon recorda que as aspirações dos jovens "vão muito além do emprego" e defende que é preciso "ouvir e dialogar com os jovens". "Chegou a hora de integrar as vozes de jovens de forma mais significativa em processos de decisão a todos os níveis", diz o secretário-geral da ONU, deixando o aviso: "A juventude pode determinar se nesta era nos movemos em direção a um maior perigo ou em direção a uma mudança positiva".
O relatório do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) sobre a situação da População Mundial em 2012, publicado em outubro, revelou que nunca houve tantos jovens no mundo. Segundo o documento, os jovens representam quase metade dos sete mil milhões de cidadãos do mundo.
Na apresentação do relatório em Lisboa, Tânia Patriota, que representava o diretor-executivo daquele organismo, Babatunde Osotimehin, considerou necessário "atuar com rapidez para preparar os jovens" para assumirem papéis relevantes na sociedade. "Uma das grandes mensagens do relatório é que a juventude é um bónus, é um dividendo e tem de ser aproveitada mais do que nunca", reiterou na altura a responsável.
Lusa
10 de agosto de 2012