“A melhor forma de o fazer é ter em conta as reivindicações da Frente Comum e, simultaneamente, reabrir um espaço de discussão. Não de uma discussão simulada, mas de uma discussão efetiva para responder aos problemas”, disse o líder da CGTP, que falava em frente da Escola Marquesa de Alorna que hoje está encerrada, à semelhança de dezenas de escolas por todo o país.

Também no Porto a adesão à paralisação é grande, fazendo-se sentir em hospitais e escolas. Cenário semelhante no Alentejo, onde há vários serviços municipais paralisados, e Algarve, onde as consultas externas do hospital de Faro foram desmarcadas.

A coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, também presente em frente da Escola Marquesa de Alorna, disse que os objetivos da greve “estão a ser reconhecidos pelos trabalhadores”, o que pode se avaliado pelo “elevado número da adesão nas escolas, na Segurança Social, na Saúde, na Cultura, na Justiça, nas Finanças, nos Tribunais, por todo o lado”.

As fotos da greve

Daí que tenha defendido que o Governo terá de “marcar rapidamente” uma reunião com os sindicatos e "tentar negociar”, porque “tem espaço para o fazer, tem dinheiro para negociar salários e os sindicatos não abdicam disso”.

“Depois de nove anos, esta greve tem de ter uma resposta e tem de ter uma resposta de quem tem o direito de a dar que é o Governo”, salientou a dirigente sindical, lembrando que os trabalhadores querem que os salários sejam negociados.

Fenprof diz que luta vai continuar

Arménio Carlos referiu também que, se o Governo não reabrir as negociações e melhorar os salários dos trabalhadores da Administração Pública, a luta vai continuar.

“Se isso for feito, temos caminho para andar, senão for feito temos caminho para confrontar. E se formos pela segunda via já está agendado o dia do confronto seguinte, que vai ser a 15 de novembro, com uma grande manifestação em Lisboa, com a participação quer de trabalhadores da Administração Pública, quer de trabalhadores do setor privado porque também no setor privado não é admissível o que se está a passar", nomeadamente em termos de contratação coletiva, lembrou o líder da central sindical.

Arménio Carlos referiu ainda que, durante o período da 'troika', “foi devido à intervenção dos profissionais da Administração Pública que muitos dos serviços conseguiram funcionar e agora também era justo que, ao fim de 10 anos, o Governo tivesse uma palavra de atenção e de reconhecimento por esse trabalho”, advertindo que “isso não está a acontecer”.

E prosseguiu: “Aquela proposta de 550 milhões de euros para salários para um universo de 650 mil trabalhadores é uma proposta inadmissível. Digamos que eu diria quase que é uma provocação”.

“Não nos venham dizer que não há dinheiro para aumentar os salários, porque nós sabemos que neste momento continua a haver muito dinheiro quer para o setor financeiro, quer para as chamadas despesas más - as parcerias público privadas, que nos vão levar, de acordo com a proposta de Orçamento de Estado apresentada, 1.700 milhões de euros no próximo ano. Já para não falar dos juros da dívida”, sublinhou o sindicalista.

Para o sindicalista, quando se faz um orçamento, “este não pode ser feito numa base tradicional como a que nós tínhamos anteriormente, que era cortes nos salários, cortes nos direitos, e cortes nas pensões”.

“Se a economia está a crescer, se há desenvolvimento económico, esse desenvolvimento é para os trabalhadores em geral e, em particular, para os da Administração Pública que também deram o seu contributo. Daí que está na altura de o Estado, o Governo, assumir as suas responsabilidades enquanto entidade patronal para com estes trabalhadores”, frisou o líder sindical.