A “importação” de casais jovens com comportamentos demográficos diferentes dos nossos e um maior apoio a famílias alargadas ou com menores recursos económicos são medidas que especialistas ouvidos pela Lusa apontam para inverter a tendência de envelhecimento da população portuguesa.
“Nas últimas décadas, estivemos todos muito ocupados nas nossa profissões e nos nossos ritmos urbanos a tentar construir um país novo e, por isso, estivemos menos atentos a estas politicas demográficas e de natalidade”, referiu a geógrafa Teresa Marques.
Com vários trabalhos de investigação na área da distribuição espacial da população, Teresa Marques, da Faculdade de Letras do Porto, defende “políticas mais atrativas para captar outras populações que nos ajudem a inverter este processo de perdas”.
Ao mesmo tempo, considera que perante uma tão “grande crise” como a que se vive devem desenvolver-se políticas de apoio às famílias alargadas e aos jovens casais com menores recursos financeiros, através, por exemplo, de “menos impostos”.
Por seu lado, Diogo Abreu, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território e Diretor do Centro de Estudos Geográficos de Lisboa, entende que na situação de crise que atravessamos, “o que se vai acentuar muitíssimo, será a emigração”.
“Este será um dos desafios mais importantes que vamos enfrentar, porque quem emigra serão os jovens e nós temos atualmente os jovens mais bem qualificados de sempre. Houve um esforço grande de qualificação que tem estado a resultar, mas o sistema económico não tem conseguido absorvê-los”, frisou.
Para Teresa Marques, “a situação em termos de envelhecimento da população não é dramática” e “os resultados do recenseamento dizem o que se estava a contar”.
“Há que refletir e ter atitudes individuais, familiares, empresariais e políticas mais atentas às questões de planeamento demográfico. Não é difícil prever que daqui a 10 anos, o Interior vai continuar a esvaziar, que vamos continuar a envelhecer e que vamos continuar a ter problemas de produtividade”, frisou.
Com “o número de nascimentos a estabilizar ou a diminuir e com o aumento da esperança média de vida”, o geógrafo Rio Fernandes, da Universidade do Porto, aponta como solução para este desequilíbrio demográfico a “importação” de casais jovens, “com comportamentos demográficos diferentes dos nossos”, ou seja, ”com uma capacidade reprodutiva muito superior aos europeus, envelhecidos, egoístas e confortáveis”.
“A imigração tem de ser encarada como a solução e não como um problema”, disse.
Uma das linhas políticas a seguir, diz Rio Fernandes, é “o incentivo à natalidade, criando condições para que as pessoas se sintam recompensadas e confortáveis tendo filhos. Que não encarem os filhos como um fardo, uma dificuldade”.
“Uma segunda linha de intervenção será considerar a vantagem em fixar residentes jovens de outros países que aumentam a força de trabalho, criam riqueza e ajudam a sustentar a Segurança Social, ao nível das reformas”, frisou.
11 de julho de 2011