O anúncio foi feito pelo Ministro da Educação, João Costa, durante a apresentação dos resultados do estudo nacional sobre saúde psicológica e bem-estar entre alunos e professores.
O estudo revelou que um terço dos estudantes apresenta “sinais de sofrimento psicológico a exigir atenção e carência de recursos para lhes fazer face” e que, entre os docentes, a percentagem sobe para pelo menos 50%.
Para o ministro da Educação, o “Observatório Escolar: Monitorização e Ação | Saúde Psicológica e Bem-estar” hoje divulgado apresenta um conjunto de dados que “já permitiram tomar algumas decisões”.
Uma delas é a continuidade do trabalho realizado pelos 1.100 técnicos especializados, dos quais cerca de 70% são psicólogos, contratados pelas escolas para pôr em prática os seus planos.
“Tomámos já a decisão de dar continuidade a estes planos para o próximo ano para que as escolas possam continuar a recorrer a este reforço de técnicos. Fizemos reuniões com diretores das escolas públicas e em todas as reuniões esta medida foi referida como a que está a ter um impacto mais positivo de reforço dos recursos humanos. Entendemos prorrogá-la por mais um ano”, disse o ministro.
O ministério vai dar liberdade às escolas para que decidam se querem dar continuidade às mesmas equipas ou se pretendem reconfigurá-las.
“Para a melhoria dos resultados académicos, os trabalhos sobre competências sócio-emocionais são absolutamente críticos e não podemos deixar esta componente de fora. Para lá da escola, estamos a dar estes passos para trabalhar o currículo de forma integrada para que estas dimensões possam ser trabalhadas”, explicou João Costa.
As escolas vão também poder contar com formação oferecida pelas Academias Gulbenkian que trabalham competências sociais e emocionais, como a adaptabilidade, autorregulação, pensamento criativo, resolução de problemas ou resiliência.
Pedro Cunha, da Fundação Calouste Gulbenkian, recordou que o projeto começou em 2018 e já chegou “a 54 mil crianças e jovens”.
As academias vão criar uma rede de formadores a nível nacional dirigida aos professores para que depois possam formar os seus pares nas suas zonas educativas ou agrupamentos.
A formação vai versar três áreas: a literacia emocional dos professores; o autocuidado, que passa por saber o que se pode fazer para manter a própria saúde mental enquanto adulto; e finalmente a apresentação de ferramentas e técnicas para usar na sala de aula, explicou Pedro Cunha.
“A formação arranca nas escolas no início do próximo ano letivo, mas para isso acontecer temos de criar a bolsa de formadores que deve começar já”, afirmou, explicando que a ideia será fazer entre 14 a 20 turmas de formadores.
O estudo hoje divulgado recomenda ainda que o levantamento do estado da saúde mental e bem-estar da comunidade escolar passe a ser feito de forma regular.
A coordenadora do estudo, Margarida Gaspar de Matos, explicou que a equipa vai acompanhar e monitorizar as medidas e “dentro de dois anos” será apresentado um novo estudo sobre a saúde psicológica e bem-estar.
A especialista chamou também a atenção para a importância do perfil do diretor da escola e a sensibilidade do professor para a saúde mental: “Ficamos preocupados com os diretores”, disse, sublinhado a importância de existir uma cultura de valorização das competências socioemocionais.
O ministro defendeu também que “o papel da liderança é um grande preditor do que acontece nas escolas”, recordando que um dos motivos do sucesso e insucesso das escolas TEIP (escolas em contextos sócio-economicos desfavorecidos) passa pela liderança.
Segundo João Costa está em preparação a fase 4 do TEIP que prevê “uma alteração do perfil do diretor, para balizar as candidaturas e desempenho destes diretores”.
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