Em 2015, Portugal participou em três estudos internacionais que permitiram avaliar quase todos os níveis de ensino: as crianças do 4.º ano fizeram as provas internacionais de matemática e ciências do TIMMS, os adolescentes de 15 anos participaram no PISA e os finalistas do 12.º realizaram as provas do TIMMS Advanced.

O relatório “Estado da Educação 2016”, elaborado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), analisou os resultados nacionais e internacionais e sublinhou a melhoria do desempenho dos portugueses ao longo dos últimos anos.

Entre 2011 e 2015, os estudantes que participaram no TIMMS melhoraram em Matemática e caíram ligeiramente em Ciências, continuando na média dos países europeus.

No mesmo sentido, ao longo dos 15 anos de participação no programa PISA, Portugal apresentou “uma clara subida nas três literacias: Matemática, Ciências e Leitura. Encontrando-se, em 2015, acima da média da OCDE em Ciências e em Leitura e na média em Matemática”, refere o documento.

De fora ficaram os resultados obtidos pelos alunos portugueses do 4.º ano nas provas que avaliam a literacia – o Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS) - que foram divulgados na semana passada e revelaram um agravamento do desempenho dos alunos em leitura entre 2011 e 2016.

Apesar do estatuto socioeconómico e cultural ser um fator que influencia o desempenho dos alunos, estes estudos mostraram que há escolas portuguesas que conseguem contrariar este efeito.

A maioria dos alunos de 15 anos que realizaram o PISA frequentava escolas de meios socioeconómicos desfavorecidos. Apesar de 76% das escolas estarem em ambientes desfavorecidos, 32% das escolas conseguiram contrariar aquele indicador.

O relatório salienta ainda que “em Portugal consegue-se ensinar os alunos mais desfavorecidos a níveis muito satisfatórios”, tendo em conta os resultados obtidos nos exames internacionais de matemática do 4.º ano.

Perante este facto, a presidente do CNE, Maria Emília Brederode Santos, defende que é preciso estudar estes casos: “Pensamos que seja necessária uma investigação mais próxima do terreno que entre na escola e mesmo na sala de aula, que ouça alunos, professores e direções”.

O relatório “Estado da Educação 2016” sublinha ainda que mais investimento em educação nem sempre é sinónimo de sucesso académico: "Torna-se claro que nem sempre são os países mais ricos e com elevado custo por aluno que alcançam os melhores resultados”.

Em Portugal, educar uma criança entre os seis e os 15 anos custa quase 63 mil euros, sendo que o investimento médio varia entre os 38 mil euros (na Lituânia) e os cerca de 135,5 mil euros (na Suíça).

“A nível de resultados essa variação é muito mais reduzida e não se encontra uma relação entre mais dinheiro investido em cada criança e resultados médios mais elevados”, lê-se no relatório de quase 400 páginas hoje divulgado.

Portugal é, juntamente com a Polónia, um dos países com mais baixos rendimentos 'per capita' onde se registou uma ligeira melhoria dos resultados académicos entre 2012 e 2015.

O Luxemburgo e a Suécia são dois “países muito ricos” onde os alunos têm “resultados relativamente fracos”: No Luxemburgo, o aumento de investimento na educação foi acompanhado com um agravamento dos resultados no PISA enquanto na Suécia, o ligeiro aumento do PIB traduziu-se num “acentuado aumento dos scores PISA”, embora continue abaixo da média.