O Governo dos Açores está a trabalhar com a Ordem dos Enfermeiros para a aplicação no arquipélago da diretiva comunitária que permite o acompanhamento de grávidas de baixo risco por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, avança o Jornal de Notícias.

 

«Temos trabalhado de uma forma muito direta com os enfermeiros na aplicação desta diretiva comunitária a nível da região o que parece-nos que é uma mais-valia», afirmou o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, acrescentando que é preciso garantir especialistas nos Açores em quantidade suficiente para uma cobertura total em todas as ilhas.

 

Contudo, disse que não vai ser necessária a contratação de um número elevado de enfermeiros: «Parece-nos que dentro dos nossos recursos internos já poderá ser salvaguardada essa possibilidade», justificou.

 

O repto foi lançado pelo bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, na abertura do Congresso Insular de Enfermagem Açores-Madeira, esta quinta-feira, em Ponta Delgada. Em causa está o acompanhamento pelos enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde materna e obstetrícia das gravidezes de baixo risco, o que implica a prescrição dos respetivos fármacos e meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica segundo o modelo habitual de comparticipação estatal, afirmou o bastonário.

 

Germano Couto disse que se estima que a implementação desta medida «a nível nacional iria permitir aumentar a acessibilidade de grávidas a cuidados especializados com uma poupança estimada em cerca de 1,8 milhões de euros por ano».

 

No caso dos Açores, o secretário regional da Saúde disse, em declarações aos jornalistas, que «é um desafio que tem sido lançado de forma constante por parte da Ordem dos Enfermeiros e vem no seguimento de uma diretiva comunitária de 2009».

 

Luís Cabral indicou que na quarta-feira decorreu uma reunião de trabalho com a Ordem para perceber o ponto da situação relativamente aos enfermeiros especialistas de saúde materna e obstétrica e fazer uma verificação ao nível das unidades de saúde.

 

Quanto à prescrição de receitas médicas, disse que é «um projeto ainda a ser discutido de uma forma muito embrionária a nível nacional».

 

Luís Cabral disse, por outro lado, que o Plano Regional de Saúde será assente em «eixos estratégicos que focam áreas muito concretas como: combate às doenças crónicas, cardiovasculares, oncológicas, promoção de estilos de vida saudável e prevenção de comportamentos de risco» e «duas dezenas de ações», indicando que no caso do enfermeiro de família, cuja experiência piloto foi desenvolvida no Centro de Saúde de Vila Franca do Campo, serão reformulados «alguns pontos para que o seu enquadramento legal e funcional possa ser transposto» para o continente.

 

Já o bastonário da Ordem dos Enfermeiros disse que «não se pode compactuar com o desperdício atual no Serviço Nacional de Saúde», afirmando que se calcula que «cerca de 25 a 30 por cento do Orçamento do Estado para o Ministério da Saúde seja desperdiçado, acima de tudo em recursos humanos que não são rentabilizados, como é o caso dos enfermeiros».

 

Germano Couto considerou ainda que as regiões autónomas «estão eventualmente em melhores condições para poder avançar com iniciativas piloto" que "sirvam de exemplo a seguir pelo Ministério da Saúde».

 

 

Maria João Pratt