Para muitas mulheres, o SOP é uma sigla assustadora e que frequentemente surge em relatos, nas redes sociais e fóruns online, de histórias que não têm um final feliz. No entanto, é importante que as mulheres saibam que é possível engravidar com ovários poliquísticos, sendo contudo fundamental começar por clarificar o que se passa. Assim, há que distinguir se o problema reside apenas nos ovários poliquísticos (um diagnóstico ecográfico que pode ou não ser acompanhado de outros sintomas), ou se se trata de um verdadeiro síndroma dos ovários poliquísticos (ou seja, não só um diagnóstico ecográfico mas também a inexistência de ovulação acompanhada de alterações hormonais, como por exemplo o hiperandrogenismo).

O facto de uma determinada mulher ter “ovários poliquísticos” NÃO significa necessariamente que se trate de alguém que tenha “quistos no ovários”, mas sim que foi observada a presença de um grande número de folículos de pequeno tamanho (menores que 10 mm) nos ovários em estado de repouso, muito superior ao número existente em ovários ditos “normais”.

Muitas mulheres têm ovários poliquísticos e não o referido síndroma e por conseguinte não sofrem de obesidade, nem hiperandroginismo e ovulam de uma forma mais ou menos regular, ou pelo menos pouco irregular. Neste tipo de situações os ovários poliquísticos não estão associados a alterações significativas da fertilidade das mulheres.

Algumas mulheres podem apresentar algumas dificuldades na ovulação, com ciclos pouco regulares e nenhum outro sintoma. Este é um problema que em regra é simples de resolver, com tratamentos que estimulam a ovulação (o mais comum é o citrato de clomifeno) e que fazem com que o ovário retome os seus ciclos de 28-30 dias, aumentando a probabilidade de gravidez.
No caso de má resposta ao clomifeno, é possível recorrer ao uso de gonadotrofinas (fármacos mais precisos e mais potentes). No entanto é sempre necessário o acompanhamento e controlo de um ginecologista com experiência na utilização destes medicamentos, dados os riscos existentes e a dificuldade de lidar com este tipo de estimulações.

Em alguns casos, muito menos frequentes, os ovários poliquísticos produzem óvulos de má qualidade. Esta situação é muito pouco frequente e não se consegue diagnosticar à priori, sendo só possível observar este fator ao realizar um tratamento de Fecundação in vitro, ou seja, depois de sucessivas tentativas falhadas de obter uma gravidez espontânea, através de indução da ovulação ou mesmo de inseminação artificial.

Contudo, mesmo para estas situações e também para os casos em que há um verdadeiro SOP existem tratamentos que permitem que estas mulheres tenham uma probabilidade de gravidez normal, no contexto da realização de técnicas de Fecundação In Vitro. Tratam-se de protocolos individualizados, com monitorização rigorosa dos ciclos e que normalmente são apenas realizados em centros de referência para esta patologia.

 

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