
O tamanho da barriga da grávida depende de múltiplos fatores não sendo possível fazer comparações entre casos.
A idade gestacional, a paridade, o peso anterior e o ganho de peso atual, o formato da bacia, a posição e o tamanho do feto, o tónus muscular e a quantidade de liquido amniótico são alguns fatores que condicionam o tamanho e formato do abdómen da grávida.
De qualquer modo, a preocupação da mulher grávida com a barriga pequena tem a ver com a possibilidade de o crescimento fetal estar comprometido por uma situação chamada de restrição do crescimento intra-uterino, ou seja, um crescimento inferior ao que se esperava.
Porém, isto pode ser normal pela própria genética do feto ou então por alterações da placentação, que não atinge o seu potencial de crescimento. Nem sempre é fácil distinguir estes dois grupos que têm prognósticos muito diferentes e necessidade de cuidados pré-natais específicos.
A ecografia através da medição da cabeça, do abdómen e do osso da coxa é o único exame que nos informa sobre o peso estimado do feto, a partir de fórmulas matemáticas que nem sempre estão aferidas para a nossa população, podendo levar a erros de diagnóstico.
Mais estudos em curso
De qualquer modo, estão a decorrer estudos para avaliar se os fetos crescem exatamente o mesmo em qualquer lugar do mundo e qual é a real influência da raça, peso e altura dos progenitores no peso do filho.
As avaliações subjetivas das dimensões das barrigas das grávidas geram por vezes ansiedade, em particular se a ecografia obstétrica revelou um percentil que não o 50, considerado o normal, o que não é verdade.
Os percentins não podem ser usados para fazer diagnósticos, mas apenas para comparar parâmetros entre populações. Ou seja, um feto que está no percentil 80 para o peso, quer dizer que 80% dos fetos com a mesma idade gestacional são mais leves que ele.
A avalição doppler dos vasos da placenta e do feto permite nos casos com restrição do crescimento fazer o acompanhamento adequado e a decisão do momento do parto.
Em resumo, a avaliação subjetiva do tamanho da barriga, apesar de no limite poder ter algum significado, no geral não tem interesse médico e pode até ser gerador de ansiedade para a grávida, sendo a ecografia o exame de eleição para detetar desvios do crescimento fetal.
Um artigo de Eduardo Rosa, Médico Especialista em Ginecologia-Obstetrícia.
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