Querer ter um filho e não conseguir é um drama para muitos casais. Em Portugal, estima-se que 10 por cento se debatam com problemas de infertilidade.

 

A doação de ovócitos é uma das alternativas que se apresenta a quem quer ter filhos e não consegue.

 

Esta é uma técnica de reprodução medicamente assistida destinada a casais inférteis em que a mulher, explica Carlos Calhaz Jorge, médico ginecologista e obstetra, «pode recorrer a óvulos de uma dadora que serão conjugados com os espermatozoides do parceiro para dar origem a embriões que depois são colocados no útero da candidata a engravidar».

A recetora tem de fazer um pequeno tratamento de preparação do útero para receber os embriões. «Todas as dadoras são rastreadas quanto a doenças e infeções, não havendo qualquer risco nem incómodo para quem recebe as células», refere o especialista.

Casos indicados

Quando a mulher não consegue contribuir com os seus óvulos para a reprodução. Acontece nos casos em que «a mulher nasceu com uma doença de base, teve uma menopausa precoce, foi obrigada a remover os ovários ou a fazer algum tipo de tratamento com radiações ou quimioterapia», refere o especialista.

Custo

O custo de um tratamento efetuado com recurso à doação de ovócitos ronda os 5.850 euros, revela o site www.avaclinic.pt, um dos dois centros privados que disponibilizam em Portugal esta técnica. Pode encontrar informações sobre outro centro em www.ivi.es.

O testemunho de quem já recorreu a este método

Após tratamentos falhados com recurso a fertilização in vitro e injeção intracitoplasmática (ICSI), Raquel Ventura recorreu, há três anos, à doação de ovócitos, em Espanha. «Estávamos na fase de aprovação da lei da Procriação Medicamente Assistida e as clínicas sugeriam aos casais, com problemas de ovócitos, a ida ao estrangeiro».

Raquel acabou por ir para o estrangeiro com um relatório dos tratamentos que já tinha feito. À segunda tentativa conseguiu engravidar. «Apenas tive de cumprir as recomendações habituais para uma ICSI, tomar medicação para controlar a rejeição do embrião e melhorar as possibilidades de implantação. Fiquei uma semana em repouso em Espanha, antes de regressar para fazer o exame em Portugal, 14 dias após a transferência».

O acompanhamento da gravidez ocorreu em Portugal. Cada tratamento custou 6 mil euros, excluindo viagens e alojamento. Embora lamente que tivesse sido necessário ir ao estrangeiro («muitos casais não puderam ter filhos por esta razão», conta), hoje diz que «valeu a pena todo o esforço».

Texto: Mariana Correia de Barros com Carlos Calhaz Jorge (médico ginecologista e obstetra)