Os seres humanos gostam de água. Antes de nascer, passam nove meses imersos no líquido amniótico e se colocarmos um recém-nascido numa piscina, ele fecha a boca e inicia movimentos instintivos muito semelhantes ao da natação.

 

No entanto, ao contrário do que acontece com inúmeras outras espécies, saber nadar não nos é inato. Necessitamos de aprender, num processo que é sempre mais fácil e imediato quanto mais cedo começar.

 

A nível do desenvolvimento, a natação é, provavelmente, uma das atividades físicas mais completas que existem. Para além de reforçar ossos e músculos, ajuda igualmente a reforçar as funções respiratórias e é um auxiliar precioso em muitos casos de doenças alérgicas e asma.

 

Um grande estudo que decorre na Austrália desde há cerca de 20 anos tem vindo a demonstrar que a natação melhora a qualidade de vida das crianças asmáticas e das respetivas famílias.

 

Ao praticarem natação, estas crianças usam menos medicamentos, tanto preventivos como em situações de crise. Para além disso, necessitam de menos consultas e de idas às urgências. Por fim, os movimentos dentro de água ajudam a corrigir eventuais defeitos de postura e torácicos.

 

 

Rede de segurança

 

Saber nadar é não só importante a nível do desenvolvimento físico e da saúde como também dá outro tipo de ferramentas. A começar pela segurança. Uma criança que aprende a nadar com um professor que lhe mostra o que fazer sabe o que pode e não pode atingir dentro de água e quais são as suas capacidades. Ou seja, provavelmente não correrá tantos riscos quando estiver sozinha.

 

E é evidente que, em caso de acidente na água, saber nadar pode significar a diferença entre um susto mais ou menos grande e consequências muito graves.

 

Antes de começarem a aprender, muitas crianças mostram medo da água e algumas recusam-se mesmo a molhar nem que seja a ponta do pé. Nestas situações, em primeiro lugar vale a pena descobrir a razão do receio: é da própria criança ou é influência dos adultos?

 

Em segundo lugar, e por muitas tentativas que sejam necessárias, há que insistir em “apresentar a água” aos mais novos como um meio divertido e seguro, em especial se os adultos também demonstrarem à-vontade. Mas sempre sem os forçar, respeitando o seu ritmo. Pouco a pouco, é possível ir vencendo resistências.

 

 

Da brincadeira aos mergulhos

 

Dos primeiros meses até por volta dos três anos, a aprendizagem da natação é marcadamente lúdica. Os bebés familiarizam-se com a água, aprendem a respirar sem se atrapalharem e algumas técnicas e movimentos básicos.

 

E, embora a maior parte já consiga dar umas braçadas sem apoio, nas instituições que seguem os princípios de aprendizagem em segurança, nenhuma criança abaixo dos três anos faz aulas de natação sem braçadeiras.

 

A partir dessa altura, e de forma paulatina, as braçadeiras começam a ser substituídas por outras ajudas como placas de material flutuante, mais adequadas para a aprendizagem de novas técnicas. À medida que a criança se vai tornando mais velha, os docentes de natação introduzem novos conhecimentos e novos desafios.

 

 

Cuidados iniciais

 

Antes de iniciar a aprendizagem da natação, é necessário que os pais tenham alguns cuidados:

 

• Consultar o pediatra ou o médico de família, para obter “luz verde”, especialmente no caso de a criança ter algum problema de saúde. Nesse sentido, é dada uma atenção especial aos sistemas auditivos e neuro-esqueléticos;

 

• Escolher uma instituição que apresente qualidade nas instalações, no corpo docente e nos sistemas de segurança, com destaque para a presença de um nadador-salvador em permanência;

 

• Garantir que as turmas não são excessivamente numerosas. O ideal é, no máximo, um professor para cada cinco crianças;

 

 

Maria C Rodrigues