Carlos Alberto de Nóbrega, de 86 anos, partilhou um vídeo na sua página de Instagram onde chora a morte de Jô Soares - que morreu na madrugada de sexta-feira, 5 de agosto, aos 84 anos.

Em lágrimas, de pijama, lamentou a morte do colega e amigo. "Fiz uma troca, toquei as entrevistas, as dezenas de pedidos das televisões pelo silêncio. Queria que o meu choro fosse só meu, porque a vida não é só o sucesso. Não é só o dinheiro. É o que plantamos, são as amizades", começou por dizer.

"Chorei a morte do maior génio que surgiu na televisão brasileira. Não conheci ninguém mais culto do que o Jô. Chorei um amigo", acrescentou, recordando depois algumas da memórias com o Jô Soares.

"Lembrei-me de quando nós compramos um carro, e o carro do Jô pegou fogo e o meu veio quebrado. Nós tínhamos 20 e poucos anos e disse: 'Jô, vou devolver este carro e se ele não aceitar, vou dar uma sova a esse homem'. E o Jô disse. 'Sabes o que eu vou fazer, como não sei brigar, vou sentar-me em cima dele'. Ele tinha 150 quilos naquela época", recordou com carinho.

"Chorei pela ditadura, que não permitia que se lessem determinados livros que eles queimavam. [...] Chorei coisas que a televisão nunca viu. A simplicidade, o respeito que o génio tinha por um redator que estava a começar. Nós nunca disputamos uma liderança", acrescentou.

"A vida separou-nos. Na Globo, quando eu não tinha o lugar que eu achava que deveria ter nos 'Trapalhões', fui pedir para trabalhar com ele, mas não me deixaram. Saí e vim para o Silvio Santos. Uma das primeiras coisas que fiz quando assumi a direção artística foi chamar o Jô para trabalhar comigo. 'Terias coragem de ir trabalhar no SBT?' Ele disse 'o dinheiro do Silvio é igual ao do Roberto Marinho, se ele me der uma chance de fazer uma entrevista'. Nunca disse isto a ninguém", contou.

Um momento muito emotivo onde se despede do grande amigo. Veja o vídeo na íntegra: