A atriz acaba de deixar a TVI para se mudar para a SIC, e nesta ‘nova casa’ espera "fazer projetos desafiadores e felizes" e "ser uma mais valia para o canal".

Sofia Ribeiro voltou a estar frente a frente com Daniel Oliveira para uma nova conversa no 'Alta Definição', numa entrevista que começou com a atriz a afirmar que "gosta muito de recomeços". "Às vezes são difíceis, mas acho que a dificuldade também é que nos faz mudar para algo melhor, é que nos potencia, que nos tira da zona de conforto", acrescentou.

Uma conversa marcada por fortes e emoções e muitas partilhas. Entre os temas que abordou, não deixou de lado a saúde mental. Confessou que viveu uma "depressão muito grave", tendo percebido na altura que precisava de ajuda.

Um momento sério de rutura que chegou a temer pela sua sanidade mental, como desabafou ao apresentador.

Ao falar do seu divórcio, Sofia Ribeiro confessou: "Depositaste tanto que, de repente, percebes que o gostar não é suficiente, é preciso um sem fim de coisas que não estão alinhadas". Uma fase que a levou "a uma série de questões que tinha para trás da infância e que a levaram a um lugar que nunca imaginou".

Esteve, diz, "cinco dias sem dormir, quase sem comer, quase à beira de esgotamento, também a trabalhar muito", tendo sido "medicada" nessa altura.

"Não resulta nós tentar deixarmos de ser aquilo que somos para ir de encontro às expectativas de quem quer que seja"

Ao recordar Pedro Lima, Sofia Ribeiro contou que não fiz nenhuma tentativa de suicídio, mas teve ideia. E foi essa ideia que a levou a pedir ajuda.

Hoje em dia, partilha, "estar em paz é essencial". Continua a ter medos, um deles o "de falhar", mas tenta lidar com ele "de forma diferente".

E entre os erros também aprendeu, sobretudo a "perceber que não pode encolher-se para caber em lado nenhum, a todos os sentidos, em todas as áreas da sua vida - na minha profissão, na relação que tem com as pessoas, com os amigos, a família, nas relações afetivas".

"Não resulta nós tentar deixarmos de ser aquilo que somos para ir de encontro às expectativas de quem quer que seja", disse. "Por exemplo, parece que é errado terminar uma relação. Seria errado continuar numa relação em que uma pessoa está infeliz, que se sente diminuída, triste. Isso é que não faz sentido. Há muitos anos as pessoas permaneciam agarradas a um sem fim de coisas, que até me fazem sentido, à família, aos filhos, aos sonhos que pensaram juntos. Mas muito infelizes na essência por se anularem, por não terem a capacidade de poder escolher uma vida melhor", destacou, mostrando-se segura da "certeza do que quer e do que não quer para si".

Por a vida já lhe ter mostrado que "às vezes o tempo é curto e que de hoje para amanhã tudo pode mudar", tem "muita urgência" em viver, em não deixar as coisas para amanhã.

De recordar que a atriz foi diagnosticada com cancro da mama em 2015, um caminho que demorou cerca de um ano até chegar à cura.

Sobre esta fase, realçou que "é um momento em que consegues perceber, de facto, qual é o teu papel aqui, ou qual é que gostarias que fosse, e das pessoas à tua volta, quem é que realmente importa, quem estará contigo seja em que momento for e quem é que estará contigo só nos dias de festa".

"Foi um dos momentos mais importante na minha vida e com todo o peso que teve, foi sem dúvida dos mais felizes porque foi dos momentos de mais clareza, de me recolocar no lugar certo", partilhou, confessando que "é preciso ter muita força para não nos irmos abaixo e não nos entregarmos à doença".

Os tratamentos e os efeitos dos mesmos no corpo foi uma das alturas mais complicadas, mas também o facto de "confrontar-se com a doença todas as vezes em que se olhava ao espelho".

"Há muita gente a não saber lidar com isso, é muito duro os olhares das pessoas que a maior parte das vezes nem são com maldade, mas são de pena. É doloroso e é preciso ter muita força para saber lidar com isso", acrescentou.

Tenho a certeza que isto foi para mim o tens que parar

As mensagens de carinho e motivação que recebeu "foram muito valiosas". E acabou por perceber também que a partilha desta fase com o mundo não só a "ajudou", como também "ajudou outras pessoas". "Foi um momento muito duro, mas também de muita aprendizagem e de uma bolha de amor que nunca mais me vou esquecer, e que é impossível não se emocionar", recordou em lágrimas.

Sendo o cancro uma "doença muito presente", Sofia Ribeiro faz questão se alertar para o diagnostico precoce e para as pessoas estarem atentas aos sinais do corpo.

"O meu também me avisou que eu devia ter parado. Avisos esses numa fase em que mal dormia, trabalhava sem parar, estava a fazer novela e teatro ao mesmo tempo, não tinha folgas, dormia cinco horas, comia quando dava tempo. A juntar a isso tinha saído de uma relação muito conturbada que me desgastou muito e o meu corpo dava-me sinais que eu estava em exaustão, que tinha de parar, que tinha olhar para mim, mas a vida não me deixada e eu não estava preparada, não estava nessa fase em que conseguia perceber os sinais que me iam sendo dados. Tenho a certeza que isto foi para mim o tens que parar", contou.

Elas também têm uma historia não tão feliz quanto mereciam, mas está cá a tia e mais umas quantas pessoas para fazerem tudo por elas

O dia em que recebeu o diagnostico foi quando "ficou sem chão" e os "amigos faziam turnos para estar a seu lado". No entanto, não deixou de ter "momentos de muita solidão".

Já quando recebeu a notícia de que estava curada, foi como um "renascer, muita alegria". Ainda assim, relata, continua a fazer exames regularmente porque "um doente de cancro será sempre um doente de cancro a vida inteira".

Sobre construir uma família no futuro, Sofia Ribeiro mostrou-se mais serena no que diz respeito a ter filhos, porque pode não acontecer devido à doença. Mas não deixa de sentir o lado maternal, por exemplo, com as sobrinhas, sentindo-se "em parte mãe delas". E, se encontrar alguém, se ambos acharem que seja um passo importante a dar, "talvez" tente.

Ao falar das sobrinhas, disse que são em que se "inspira" e que a fazem "lembrar-se de si". Sofia Ribeiro deseja que o futuro delas seja "risonho e feliz", quer "proporcionar-lhes tudo de bom, continuar a ser um pilar importante na vida delas". "Elas também têm uma história não tão feliz quanto mereciam, mas está cá a tia e mais umas quantas pessoas para fazerem tudo por elas", disse.

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

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