Desdobra-se diariamente entre o papel de mãe e o de atriz de teatro, cinema e televisão. É apaixonada pelo movimento corporal e pelo pelo canto, ao ponto de arriscar gravar um disco, depois de uma primeira experiência bem sucedida.

A mesma profissão que exige que desenhe na sua personalidade diferentes personagens conduziu Sandra Celas a encontrar formas saudáveis de se recentrar na sua própria identidade.

Ex-jornalista, abraçou a representação no final da década de 1990. É forma da em expressão dramática, escrita para teatro, interpretação para televisão, corpo e movimento. Fez parte do elenco de várias peças de teatro, como «Vai Vem» ou «As Passagens do Tempo». Tem participado em inúmeras novelas, séries e telefilmes nacionais e internacionais. Casada, foi mãe há três anos.

Intensidade e stress marcam o ritmo de vida de um ator. Como procura encontrar o equilíbrio?

Gerir o stress tem sido uma aprendizagem, em dez anos de profissão. Este é um trabalho que se leva para casa, mesmo que não se queira. Aprendi que tem de haver um corte, que não nos devemos consumir com pormenores. Nos últimos cinco anos, senti necessidade de voltar a mim própria.

De voltar à essência...

Ser ator é viver com verdade um momento imaginário e, para isso, temos de estar sempre disponíveis emocionalmente. Acabamos por habitar sítios diferentes, alguns mais sombrios. Ficamos com resíduos da personagem, o que pode ser bom mas também muito intenso. Os picos de adrenalina que se vivem, por exemplo, quando se entra em palco e depois se termina uma peça têm implicações fisiológicas.

Esta profissão obrigou-me a encontrar formas de me equilibrar, de me sintonizar comigo própria, até para estar disponível para os outros. Tive, desde muito cedo, a noção de que somos um ser complexo feito de várias matérias e precisamos de nos sentir bem a vários níveis. Não basta suar imenso no ginásio se depois não estamos centrados em nós próprios, se estamos muito dispersos.

O que tem feito nesse sentido?

Fiz uma iniciação em reiki, uma prática ancestral de auto cura, ligada à energia que existe no cosmos, que nos ajuda a recentrar. Implica canalizar essa energia através das mãos. Recorro a essa prática, por exemplo, quando sinto dores de cabeça.

Também descobri a meditação há pouco tempo. Existem muitos tipos, mas pratico as meditações ativas de Osho. Concebidas para os ocidentais, são muito físicas, envolvem dança. Quando já se tem algum domínio, podem fazer-se em casa, mas neste momento ainda a pratico em grupo.

Recorre às medicinas alternativas?

Sou apologista da complementaridade entre a medicina tradicional e a alternativa. Procuro o médico para realizar exames, não falho as consultas de ginecologia ou de medicina dentária e tomo medicamentos convencionais quando é mesmo necessário, mas se, por exemplo, tenho dores nas costas procuro um osteopata.

Eu e a minha filha somos acompanhadas por um homeopata e sempre correu tudo lindamente. A única desvantagem é o facto de esse tipo de tratamento não ser comparticipado. Também descobri que a acupuntura é fantástica. Costumo recorrer a essa terapia, por exemplo, quando estou constipada ou muito tensa.

É adepta da alimentação vegetariana há alguns anos. Como surgiu essa opção?

Foi algo muito natural. Por volta dos 22 anos, quando saí de casa dos meus pais e fui viver sozinha deixei de cozinhar carne, era algo de que o meu organismo não sentia qualquer que tinha de mudar a minha alimentação e de compensar a carência de proteína animal.

Curiosamente, anos depois, após fazer um teste de intolerância alimentar, viria a descobrir que o único alimento a que o meu organismo é intolerante é a carne vermelha. Já não a como há 15 anos, ingiro ocasionalmente carnes brancas (porque faz parte da alimentação da minha filha) e posso comer peixe uma vez por semana.

Como compensa a carência de proteína animal?

Antes de mais, senti necessidade de me informar sobre as regras da alimentação vegetariana pois para ter o mesmo aporte de proteínas, vitaminas e minerais é preciso saber combinar os alimentos. Em termos gerais, opto por fontes de proteína vegetal como o tofu, o seitan, as leguminosas e os cereais integrais.

O que mudou na sua vida graças a essa decisão?

Emagreci, passei a sentir-me muito melhor e notei melhorias na qualidade da pele. Hoje em dia, quando viajo e, de certa forma, sou obrigada a comer carne, peixe ou cereais refinados, sinto o organismo mais intoxicado, fico mais cansada, pesada e congestionada em termos respiratórios.

Também foi praticante de yoga...

Existem muitos tipos de yoga, mas fiz com regularidade, durante dois anos, hatha yoga e espero, em breve, poder voltar a praticar. O yoga trouxe-me uma outra noção de exercício porque trabalha o corpo como um todo.

Existem, por exemplo, posturas que nos permitem exercitar e descomprimir órgãos internos como o fígado, o baço, ajudando a descongestionar tensões acumuladas. Há quem pense que o yoga se limita a estarmos sentados a respirar mas é uma prática muito física. Inclusivamente, os instrutores de hatha yoga têm o corpo muito modelado.

Tem outros cuidados para manter o corpo em forma?

Faço musculação e cardiofitness, três vezes por semana, no ginásio. Tenho o apoio de um personal trainer, o que me ajuda a ter um foco. Também faço tratamentos de estética, com regularidade, na clínica iCare, como o velashape ou a drenagem linfática, para refirmar o corpo e contrariar a celulite.

O rosto merece a mesma atenção?

Apesar de ter uma boa pele, tenho muitos cuidados. No meu dia a dia, não me maquilho para compensar o facto de a minha profissão me obrigar a usar maquilhagem durante muitas horas. Limpo e hidrato a pele de manhã e à noite, bebo muita água e invisto em bons cosméticos. Uso sempre creme de olhos e não dispenso a proteção solar durante todo o ano, para evitar manchas e rugas e, assim, prevenir a necessidade de tratamentos mais invasivos.

Texto: Nazaré Tocha com Pedro de Castro Agoas (fotos)