Foi em conversa com Teresa Guilherme que Rita Pereira recordou a sua estreia num musical, 'Os Produtores', há pouco mais de 20 anos. "Nunca mais me esqueço das palavras da Teresa e do Herman [José]. Vocês defenderam-me com unhas e dentes", começou por dizer.

"Eu na altura era só mais uma miúda com mamas e rabo, e era impensável eu ser aceite no teatro, muito menos num musical tão grande como 'Os Produtores', e vocês quando foram assistir à estreia parabenizaram-me e disseram bem de mim", acrescentou, reforçando que as palavras dos apresentadores ficaram para sempre marcadas no seu coração.

"Nunca mais me esqueço. A Teresa disse: 'eu não sei se tinha coragem de fazer aquilo que tu fizeste e que fizeste muito bem'", partilhou.

De seguida, Teresa Guilherme acrescentou que "que além de talento é preciso coragem". "Quando aceitamos um desafio, temos de ir com tudo, e foi o que aconteceu ali. As pessoas estavam doidas para te enfiar uma grandessíssima faca porque tu já eras super conhecida das novelas e, de repente, estás no teatro, num musical... As pessoas quando querem matar alguém nunca perdoam as pessoas bonitas. [...] Lembro-me de ter pensado: 'mas como é que as pessoas podem ser tão cruéis, tão más quando há aqui uma entrega tão grande", lembrou.

Na altura, recordou Rita Pereira, a atriz esteve durante três meses a ensaiar todos os dias a mesma música com uma professora de canto.

Mais à frente, a artista explicou que o que aconteceu na estreia foi que o palco não rodou: "O palco era uma bolacha dividida em quatro e cada uma das partes era um cenário. O palco não rodou para o meu cenário e eu tive de fazer tudo o que tinha estado a ensaiar durante quatro meses num cenário que não era meu. Eu precisava de uma mesa para subir, de um sofá e um telefone e não tinha nada disso, e entrei na mesma e inventei".

Mas este não foi o único episódio que marcou o seu trabalho no musical. Quando o espetáculo foi levado à cidade do Porto, a atriz viveu outro momento caricato. Foi num sábado, durante o jantar, antes de voltar ao palco para mais um espetáculo, que Rita Pereira se aleijou numa janela.

"Cortei-me e depois vieram os bombeiros e disseram que eu não precisava de pontos, só precisava de meter um autocolante. Eu disse-lhes que ia para uma peça em que saltava, dançava, esticava os braços com força e fazia a espargata. E eles disseram que estava tudo bem e que aqueles novos pensos iam fechar a ferida", contou. No entanto, "nos primeiros 30 segundos" da sua atuação "o penso saltou e aquilo foi uma mangueira de sangue durante a coreografia toda".

"Tirei o lenço que tinha no pescoço e meti à volta [do braço], e o lenço já era sangue. A roupa toda era sangue", lembrou, detalhando que a roupa da sua personagem era toda de cor branca e estavam cerca de 600 pessoas a assistir à peça.

"Quando eu acabo a coreografia em espargata, ouve-se uma pessoa lá ao fundo a bater palmas em câmara lenta. Todo o resto do público estava em estado de choque porque era sangue por todo o lado. Parecia um filme do Quentin Tarantino", continuou.

Entretanto, saiu do palco e desmaiou. "Mal fecho a porta houve-se um estrondo que sou eu a desmaiar. Depois fui para o hospital e levei cinco pontos. Ficou uma história para sempre", rematou.

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