Orenthal James Simpson era considerado um deus nos Estados Unidos e a sua fama não diminuiu após pendurar as chuteiras e entrar para o mundo do entretenimento.

No entanto, o homicídio da ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e de um amigo, Ron Goldman, levou-o do Olimpo para o banco dos réus em 1994, no chamado "julgamento do século".

O júri considerou-o inocente, apesar de, mais tarde, ter sido considerado culpado num tribunal civil e condenado a pagar 33,5 milhões de dólares em indemnizações, uma conta que nunca acertou.

O ex-atleta, no entanto, não conseguiu evitar a prisão quando foi detido em Las Vegas em 2007 por sequestro e assalto à mão armada a dois colecionadores de objetos desportivos. Condenado a 33 anos de prisão, O.J. passou nove anos na prisão e saiu em liberdade condicional em 2017.

O.J. Simpson durante o "julgamento do século" em 1994
O.J. Simpson durante o "julgamento do século" em 1994 AFP

Da pobreza ao estrelato

Simpson nasceu no dia 9 de julho de 1947 em San Francisco. O pai abandonou a família quando tinha cinco anos, deixando-o sob os cuidados da mãe num lar muito pobre. As pernas de O.J. ficaram deformadas devido a um raquitismo, pela falta de vitaminas e cálcio.

Sem dinheiro para pagar uma operação, a mãe obrigou-o a usar aparelhos ortopédicos rudimentares e a calçar sapatos nos pés opostos para fortalecer as pernas. O método funcionou tão bem que conseguiu correr 91,4 metros em 9,9 segundos.

Considerado um "menino problemático", passou uma semana na prisão aos 15 anos por roubar uma loja de bebidas. Após ser libertado, encontrou o astro do basebol Willie Mays, que o ajudou a ficar longe de problemas e a explorar o seu talento.

Foi então que começou a correr na dura pista de um projeto de habitação social em San Francisco e de lá se catapultou para a fama e glória do futebol americano no Buffalo Bills.

Simpson ganhou o cobiçado Troféu Heisman em 1968 e, em 1973, conquistou o prémio de Jogador Mais Valioso da NFL (Liga desportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos). Em 1985, o jogador entrou no Hall da Fama da NFL.

Sem o desejo de deixar o estrelato, mas ciente da limitação das suas pernas, iniciou uma carreira menos brilhante como comentador desportivo e depois focou-se em Hollywood.

O.J. Simpson afirmou ter tido sorte de entrar no mundo do cinema quando os atores negros passaram a ser mais requisitados, mas os filmes em que trabalhou não tiveram muita repercussão, com exceção de alguns sucessos, como "Inferno na Torre" (1974) e "Capricórnio Um" (1977).

O setor publicitário, pelo contrário, rendeu-lhe reconhecimento e muito dinheiro, com anúncios de marcas renomadas, incluindo a Hertz.

O.J. Simpson durante o
O.J. Simpson durante o "julgamento do século" em 1994 créditos: AFP or licensors

O principal suspeito

O.J. Simpson conheceu Nicole Brown em 1977. Na altura, O.J já era uma estrela e Nicole, que trabalhava como empregada de mesa numa discoteca, tinha 18 anos.

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Após separar-se da primeira esposa, com quem teve três filhos, O.J. casou-se, em 1985, com Brown, com quem teve duas meninas. O casal acabaria por se divorciar em 1992.

Dois anos mais tarde, no dia 12 de junho, Brown e Goldman foram encontrados mortos a facadas do lado de fora da residência de Nicole, num subúrbio de Los Angeles.

Simpson tornou-se no principal suspeito dos crimes brutais.

Após não se entregar à Justiça, a polícia perseguiu-o durante horas pelas rodovias da metrópole californiana, operação que foi transmitida ao vivo e se tornou num dos principais fenómenos mediáticos do país.

O longo julgamento — que foi tema de diversos documentários e séries televisivas e que captou a atenção de grande parte do mundo — terminou com um veredicto de inocência que dividiu o país.

Em 2007, O.J. acabou por ser preso em Las Vegas após sequestrar e roubar à mão armada dois colecionadores de objetos desportivos. O caso custou-lhe 33 anos de prisão, dos quais cumpriu a pena mínima e foi libertado em 2017.

Na quarta-feira, O.J. Simpson "cedeu à batalha contra o cancro", escreveu a família na rede social X.