Após o escândalo sexual que tem abalado Hollywood nas últimas semanas, Cameron Russell resolveu dar voz a todos os jovens modelos que, nos últimos dias, tiveram a coragem de partilhar consigo as suas histórias de abuso e assédio sexual.

No espaço de quatro dias, a modelo de 30 anos fez 79 novas publicações na sua conta pessoal de Instagram. Todos os posts, partilhados com os seus mais de 90 mil seguidores, tinham algo em comum: denunciavam o lado negro da indústria da moda.

“Precisamos de encontrar uma forma de quebrar o silêncio e ficarmos protegidas. Não estamos a falar de um, cinco ou 20 homens. Estamos a falar de uma cultura de exploração e que deve ser parada”, escreveu a modelo que desfilou para marcas como Prada, Louis Vuitton ou Victoria’s Secret.

Apesar da identidade dos agressores e das vítimas ter ficado em segredo, a narrativa e as personagens das histórias parece repetir-se: jovens que sonhavam ser modelos e são vítimas de abuso e assédio sexual por parte de fotógrafos e designers respeitados dentro do meio durante castings e sessões fotográficas.

Beijos não consensuais, masturbação, palmadas, apalpões e beliscões são alguns dos abusos relatados pelas vítimas com idades entre os 15 e os 23 anos. Em alguns casos, os abusos vieram acompanhados de situações menos próprias: ficar nu contra a própria vontade ou ser pressionado a dormir em casa do fotógrafo.

Recorde-se que Terry Richardson, famoso fotógrafo que fez editoriais de moda para revistas como a Harper’s Bazaar, Vogue, Interview e ELLE foi acusado de abuso sexual por parte de diversas modelos em 2010. Coco Rocha, Liskula Cohen, Emma Appleton e Charlotte Waters são alguns dos nomes que não tiveram medo de fazer frente ao fotógrafo.

Apesar de afirmar que as histórias, identificadas com a hashtag #MyJobShouldNotIncludeAbuse (o meu trabalho não deve incluir abuso), não são uma novidade para quem trabalha na indústria da moda, Cameron Russell acredita que a denúncia é “o princípio de uma mudança de poder”.

“Estamos a falar entre nós, a denunciar, a falar com advogados e estamos a entrar em contacto com jornalistas”, referiu a modelo que, após elogiar a coragem das mulheres que partilharam as suas histórias, fez um apelo nas redes sociais. “Todos sabemos quem são os agressores e continuamos a trabalhar com eles. É tempo de parar. Anunciantes e revistas, parem de contratar estas pessoas. Agências, parem de lhes enviar modelos. Parem hoje. Não esperem até os advogadores estarem envolvidos. Façam a coisa acertada porque isto é horrível”, concluiu.