O começo de Grazi Massafera num dos maiores canais de televisão do Brasil não foi fácil. Vinda de um concurso de Miss e de um reality show, a mulher que hoje concorre ao Emmy de melhor atriz já foi vítima de preconceito e chegou a pensar em desistir.

"Não me envergonho de ter começado no Big Brother Brasil. Sei que muitas meninas querem participar do programa porque sonham trilhar um caminho como o meu. Acho isso tão perigoso... Não sei dizer o que deu certo para mim ali. Talvez porque, apesar dessa minha cara de boazinha, sou um bicho ruim. Sou muito determinada e corajosa. Um tempo atrás tive uma crise, quis desistir de ser atriz. Não me sentia estimulada porque sempre me escalavam para fazer o mesmo tipo de personagem: que tivesse a ver ou com meu físico ou com meu apelo popular. Estava tão esgotada de explorar isso..." revela.

E continua: "Então fui para a Espanha fazer um curso (com o realizador argentino Juan Carlos Corazza) e voltei apaixonada pela profissão. A Globo queria que eu virasse apresentadora do 'Vídeo Show', mas não aceitei. Foi então que recebi o convite para fazer 'Verdades Secretas'. Foi um momento incrível. Agora, com a Luciane, a cobrança é alta. Tento transformar isso a meu favor para que não vire um boicote", conta a atriz brasileira em entrevista à Marie Claire.

"Estou há dez anos fazendo novelas e às vezes, em cena, reencontro atores que tentaram puxar meu tapete quando comecei. Em minha primeira cena de choro, uma colega do elenco ficou atrás do câmara, me encarou e sussurrou: ‘Você não vai conseguir!’", contou, em referência ao seu primeiro papel em 'Páginas da Vida', em 2006.

"Quando ganhei o troféu de atriz revelação, encontrei um ator veterano nos bastidores e fui cumprimentá-lo. Ele virou a cara e disse: ‘Olha só essa Big Brother... Em que mundo estamos?’. Já teve ator que disse na minha cara: ‘Não contraceno com ex-BBB’ e, quando tinha diálogos comigo, falava olhando em direção à parede. Houve coisas mais baixas, como quando esconderam um estojo de maquilhagem na minha bolsa para me acusar de roubo no camarim. Uma vez encontrei um boneco preto horrível, pintado com tinta vermelha e todo espetado, um vudu mesmo, no meu carro. Só eu sei o que passei... Sou uma sobrevivente!”, conta.

E sobre os planos para o futuro, a atriz só pensa em ir mais devagar. "Nos próximos dez anos, pretendo diminuir meu ritmo e ir parando de atuar aos poucos. Fui indicada ao Emmy Internacional, mas nunca sonhei em ter uma carreira lá fora. Nem falo inglês! E adoro chegar ao exterior e não ser reconhecida", comemora.