Fernando Alvim juntou-se ao vasto leque de figuras públicas, entre elas humoristas, que nas últimas horas usaram as suas páginas nas redes sociais para comentarem a polémica agressão de Will Smith a Chris Rock durante a cerimónia dos Óscares.

"De cada vez que vejo alguém a perpetuar uma agressão como a que Will Smith fez ontem à noite nos Óscares, penso imediatamente na quantidade de pessoas que se sentirão inspirados para replicar a sua atitude, como se aquele gesto legitimasse situações semelhantes", começa por lamentar.

"Na verdade, se alguém como Will Smith que está tão ligado ao humor e por isso - à partida - deverá ter uma sensibilidade maior faz isto, então para alguém que não a tenha, tudo se irá precipitar de uma forma mais rápida. E mais legítima", atira, dando conta de que situações de violência semelhantes podem ser justificadas da mesma forma daqui em diante e não apenas "no domínio do humor"

"[...] repararem, de cada vez que alguém suba ao palco e diga algo com que não concordemos, subimos ao palco e agredimos ao estilo Will Smith. É bastante simples até. E ninguém está a salvo. Mesmo aqueles que estão a ler isto e estão a dizer 'muito bem, é mesmo isto que deve ser'. Mas calma, porque mesmo esses, têm que pensar que um dia estarão numa apresentação pública, numa apresentação de um trabalho na escola, num evento da empresa e no seguimento daquilo que estão a dizer publicamente alguém não gosta, hmm? É, é exactamente isso que estão a pensar, alguém se levanta, vai lá ter convosco e pronto faz uma Will Smithada", nota.

Por fim, o humorista lamenta que estando a acontecer no Leste Europeu uma guerra, entre a Rússia e a Ucrânia, continuem a merecer destaque atos de violência, na sua opinião, injustificados.

"E de facto, é um ano óptimo para numa das cerimónias mais vistas do mundo, passarmos um acto de violência e zero tolerância, quando se estaria à espera que o destaque não fosse a agressão de Will Smith ao Chris Rock, mas sim da Rússia à Ucrânia. É, o mundo tem muito rapidamente de tratar da sua saúde mental", termina.

Recorde-se que na piada que deu origem à polémica e motivou a agressão do ator, Chris Rock comparou a mulher de Smith, a atriz Jada Pinkett-Smith - que não tem cabelo, por sofrer de uma doença autoimune -, à tenente O'Neil, 'GI Jane', do filme de Ridley Scott.

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