Este tem sido um ano muito positivo para Blaya. No passado mês de março, a cantora lançou o single 'Faz Gostoso', que já conta com mais de 25 milhões de visualizações no YouTube. Considerada por muitos fãs como a revelação do funk, a artista entende que a "personagem" que criou é fruto da junção de vários estilos musicais, onde se destacam o rap e a afro music. Mãe da pequena Aura, que trata carinhosamente como Lau, Blaya revelou-se confiante no seu percurso, personalidade e corpo. É uma das nomeadas para o prémio MTV EMAs 2018 e compete com nomes como o de Bárbara Bandeira e Diogo Piçarra.

Como é que se sente com esta nomeação?

Contente, claro. É a primeira nomeação que tenho com este projeto a solo, ainda por cima lancei o meu primeiro single este ano, em março. Já atingimos milhões de visualizações no YouTube e demos muitos concertos. Milhares de pessoas sabem a música ‘Faz Gostoso’, por isso, sinto-me muito feliz.

Considera este o melhor momento da sua carreira?

Não, ainda vou ter [risos]. Comecei agora, à medida que o tempo vai passando as coisas vão-se solidificando mais.

Acha que as pessoas estão mais recetivas ao seu estilo musical ou esse é um percurso que tem vindo a fazer desde os Buraka Som Sistema?

Basicamente fui criando toda esta minha ‘personagem’, que é uma pessoa com energia, que passa boa música e que dança. Neste momento, com o meu projeto a solo, ainda consigo mostrar mais isso. É algo tudo junto, não é só de agora, porque as pessoas já estão habituadas a esta minha personagem.

Qual é a grande diferença entre a Blaya dos Buraka Som Sistema e a de agora?

Agora, além de ser enérgica, tem músicas com mais letra, tem baladas, tem rap... nos Buraka era uma música mais eletrónica, mais dance music.

O facto de ter sido mãe influenciou a sua vertente musical?

Não, o que mudou para já é o facto de eu estar a solo e durante oito anos ter estado a viajar com Buraka Som Sistema por todo o lado. Ou seja, ouvíamos vários estilos de música, atuávamos em vários palcos e conhecíamos vários estilos de pessoas. Este novo álbum que vem a caminho é isso tudo, é um upgrade de todas as coisas por que eu passei.

Estou a incentivar, embora que às vezes inconscientemente, mulheres a fazerem o que lhes apetece

As redes sociais foram determinantes para o seu sucesso?

Com as redes sociais as pessoas chegam à minha música com muito mais facilidade e nós artistas conseguimos com que a música chegue mais vezes ao ouvido das pessoas. [Portanto] é algo crucial na vida de um artista.

As pessoas partilham muitos vídeos com as suas músicas. Como é que vê isso?

A dança faz parte da minha vida e sempre fez durante muitos anos. É isso que quero passar às pessoas: que com todas as minhas músicas elas podem dançar, mandar vídeos e eu vou sempre publicando. Apesar de ser só um minuto, é um minuto em que as pessoas se divertiram.

Acha que nesse sentido acaba também por ser uma inspiração para as mulheres saírem da sua zona de conforto?

Sim, acho que todas as pessoas que incentivam, que mostram a realidade, que mostram o que é que fazem durante o dia, assim como os seus receios, levam a que outras mulheres também o façam. Estou a incentivar, embora que às vezes inconscientemente, mulheres a fazerem o que lhes apetece.

Toda a gente faz aquilo que bem entender e ninguém tem nada a ver com isso

Até porque sempre fez o que lhe apetece…

Exatamente! [risos]. Sem medos…

Recentemente, também partilhou uma série de vídeos a responder às críticas em relação à sua casa e à forma como tratava a sua filha…

Sim, toda a gente faz aquilo que bem entender e ninguém tem nada a ver com isso. E como as minhas publicações não são de propósito para parecer bem, são para ser quem eu sou, às vezes levo essas críticas a bem, outras vezes comento essas críticas, outras vezes não vale a pena comentar e outras acho piada e faço aqueles vídeos.

Mas isso é algo com que lida desde sempre ou acha que já se nota uma abertura de mentalidades?

Não, há sempre pessoas que não vão concordar. Cabe a mim escolher o que é que hei-de achar piada, o que hei-de comentar e deixar para lá. Não se agrada a todos. Às vezes tenho aquelas questões de ‘o que é que eu fiz?’.

Nunca se deixou influenciar pelas coisas que as pessoas iriam pensar quando partilhasse alguma coisa?

Não, porque assim pensava dez vezes antes publicar e repetia outras tantas até aquilo ficar bom. Na verdade, o que faço é como fica.

Outros temas que aborda nas redes sociais são relativos a sexo e erotismo. Acha que ainda há uma certa reserva quanto a estes na sociedade?

Há uma certa reserva, mas as pessoas são curiosas e querem saber novas coisas para fazer com o seu parceiro/a, o que é que se vende na sexshop… o julgamento que as pessoas vão fazer ao falar sobre isso ainda está muito na cabeça tanto dos homens como das mulheres.

Se falo abertamente de um tema da parte dos homens sou uma porca e das mulheres quero dar nas vistas

Mas sente esse julgamento mais por parte das mulheres ou dos homens?

Ambos. É igual. Se falo abertamente de um tema da parte dos homens sou uma porca e das mulheres quero dar nas vistas.

Então muitas vezes é percebida de maneira errada?

Sim, por exemplo, quando estava a ter as contrações da Lau fiz um InstaSnap, depois aqueles sites publicaram no Facebook que estava a ter as contrações, o que é uma coisa normal e os comentários de muitas mulheres era a dizer que só queria dar nas vistas. Se for mais do corpo são os homens a chamarem-me de porca e as mulheres a dizer que quero dar nas vistas. Já passei essa fase. Prefiro que ninguém me mande essas notícias, porque só vão trazer pensamentos negativos à minha cabeça e eu não quero isso.

Com o nascimento da sua filha, também abordou muitas vezes a importância de se aceitar o próprio corpo com as mudanças que a maternidade implica numa mulher. Foi difícil colocar isto em prática?

Sempre meti na minha cabeça como é que iria ser. Mas é o que é e o que tem de ser. Por exemplo, as estrias foi um processo, são algo que vão ficar no meu corpo. Temos de estar bem com o que temos.

Como foi o feedback das suas seguidoras nessa altura?

Recebi muitos comentários e mensagens, mas a verdade é que cada mulher tem um corpo diferente e há mulheres que conseguem voltar logo ao que eram e há outras que demoram mais tempo. Depende sempre de cada uma. Tem de se gostar do corpo como ele é.

Quais são as grandes lições que pretende passar à sua filha?

Independência, fazer o que ela quer, ser quem ela quer, não ter vergonha de vestir o que quiser, não ter medo de falar no momento certo o que tem para falar, compreender e ser compreendida.

Chegou a dançar para a Madonna, sabia que ela estaria lá?

Sim, já sabíamos que ela iria lá estar. Fui eu, o meu namorado e a Lau, foi a primeira discoteca a que a Lau foi, mas também era muito cedo [risos]. Depois começaram-me a chatear para ir dançar, mas só para dançar e pensar ‘sou a maior’ não gosto muito. Primeiro comecei a cantar e depois é que comecei a dançar, não sabia o que iria acontecer, mas diverti-me.

O que ainda lhe falta fazer?

Quero fazer concertos em palcos gigantes, performances tipo Beyoncé, gastar milhares de euros numa tour, levar a minha filha e o meu namorado a viajar por todo o lado, dar a conhecer ao público português e ao lá de fora os meus bailarinos e dança.