“Sempre gostei de antiguidades. Desde muito cedo que me sinto fascinado pela história dos objetos”, conta Duarte Seabra Calado. Tem 34 anos e abriu a Farnesina há quatro, na Rua das Amoreiras.

“A loja surge quase como uma resposta à minha curiosidade e vontade de comprar antiguidades. Eu procurava, descobria e comprava peças especiais; na altura estava a ler o livro The Glorious Obsession, do antiquário Maurice Rheims, que me inspirou a explorar este universo através do meu próprio espaço e linguagem”, acrescenta Duarte.

Não podemos descrever a Farnesina como uma loja; não seria justo fechá-la nesse conceito. Entre as altas paredes liláses descobrimos uma cadeira em palha que pertenceu a Brigitte de Ganay, musa de Yves Saint Laurent. Em frente dois sofás que já fizeram parte de uma das salas do icónico Hôtel Costes, em Paris.

Colado ao teto está um barco que nos faz questionar sobre a sua história, as estórias das mãos pelas quais passou antes de encontrar o seu lugar como objeto de decoração.

“Lembro-me de nove painéis de Jean-Baptiste Pillement que em tempos foram uma boiserie de uma sala em Lyon. Foram colocados numa nova casa de uma forma incrível - parece que estiveram sempre ali”, diz o fundador do gabinete de curiosidades.

As peças mais extravagantes?

“Já tive um carrinho de bebé Victoriano em rattan do século XIX que tinha amortecedores; uma vértebra de baleia transformada em cadeira que está neste momento na loja, disponível para venda. Um díptico do Julião Sarmento. Uma mesa do Mircea Anghel em carvalho queimado que senta dezasseis pessoas e é só uma peça - está hoje num Convento na Chamusca. Tivemos uma maqueta de dois metros da Praça de Toiros do Campo Pequeno feita em fósforos - foi a última compra do designer de interiores Pedro Espirito Santo”, resume Duarte.

Quem entra na Farnesina para comprar um objeto valoriza a sua proveniência e raridade, o estado de conservação, a história - mas o fundador recusa a comparação a um antiquário.

“Porque não é um antiquário, a casa com pratos da Companhia das Índias (e que eu também gosto); na minha loja os clientes estão à procura da peça especial, irreverente, que marque a diferença”.

Duarte Seabra Calado viaja pelo mundo à procura da peça inesquecível. “Acima de tudo quero objetos diferentes, que nem sempre são fáceis de encontrar, mas essa é a parte que mais gosto. Na maioria das vezes descubro-as em sítios inesperados”