A agricultura biológica é ainda um conceito recente
no nosso quotidiano apesar de ter começado a adquirir o
seu significado no início dos anos 60 do séc. XX.

Denota-se
que ao longo destas décadas o denominado Modo de Produção Biológica
(MPB) tem adquirido maior visibilidade, chegando mesmo a
estimar-se que na União Europeia o crescimento médio anual é
aproximadamente 20%, de acordo com dados recentes.

As razões deste crescimento são inúmeras, no
entanto as que mais se destacam são as de ordem social,
nomeadamente êxodo rural devido à perda de posto de
trabalho na agricultura convencional, mas também de ordem ambiental, uma vez que a agricultura convencional e intensiva levou à perda
progressiva de habitats naturais, aumentou a poluição e
induziu a diminuição dos recursos não renováveis escassos,
de ordem sanitária devido a presença de resíduos de
pesticidas e outros produtos tóxicos nos alimentos.

O MPB surge como a mais coerente resposta para as
dificuldades com que atualmente nos depararmos como
os excedentes agrícolas na União Europeia, a falta de
rentabilidade da agricultura convencional, bem como a
crescente preocupação dos consumidores sobre a qualidade
alimentar dos produtos agrícola. Mas afinal o que é a Agricultura Biológica?

A FAO, agência das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura, define agricultura biológica como «sistema de produção
holístico que promove a melhoria da saúde do ecossistema
agrícola». Poderá assim ser definida como um sistema de
produção que evita ou exclui a quase totalidade dos produtos
químicos de síntese (adubos, pesticidas, reguladores de
crescimento e aditivos alimentares para animais).

O MPB tem como principal fundamento contrariar
a forma exclusivamente intensiva da agricultura convencional, surgindo como uma alternativa viável e
de futuro, com vista a aproximar o aspeto agronómico
do ecológico, recuperando técnicas e praticas culturais
tradicionais, mas aplicando diversas novas tecnologias.
Os seus objetivos principais são:

- Produção de alimentos de elevada qualidade, e em
quantidade suficiente.

- Promover uma dicotomia construtiva e equilibrada
entre os sistemas de produção e os ciclos naturais,
envolvendo diretamente a flora e a fauna.

- Manter e/ou aumentar a fertilidade do solo a longo
prazo.

- Promover o correto uso dos recursos naturais (água,
solo).

- Minimizar todas as formas de poluição que possam ser
resultantes das práticas agrícolas.

- Incrementar a biodiversidade dos sistemas agrícolas e
dos habitats envolventes.

Veja na página seguinte: Como preservar e aumentar a fertilidade do solo

A agricultura biológica é então um modo de produção
agrícola que determina uma série de obrigações, com
intuito de produzir alimento de qualidade e ao mesmo
tempo respeitar o ambiente e a biodiversidade.


A fertilidade do solo, assim como toda a sua atividade
biológica, deve ser preservada e aumentada por meio de
incorporação de matéria orgânica adequada.

Um solo
saudável é a base da estabilidade natural das nossas
plantações, devendo manter uma estrutura físico-química,
arejamento e drenagem. Mas não só.

Deve, acima de tudo, manter e/
ou aumentar a fertilidade (matéria orgânica). A forma
mais natural de repor os teores de matéria orgânica no
solo sem impactos negativos, é a compostagem. Este
processo de degradação da matéria orgânica por ação do
oxigénio, a partir dos restos culturais, permitindo reduzir
as perdas de material orgânico, reutilizando e reciclando.

Na impossibilidade de se fazer o nosso próprio composto,
existem já à venda substratos biológicos autorizados e
homologados em Modo de Produção Biológico, como por exemplo a gama
Planeta Bio – Santos & Santos. Além destes compostos,
a fertilização do solo pode ser realizado por adubações
verdes ou siderações e uso de plantas fixadoras de azoto
(leguminosas).

O que é o fertilizante biológico

O fertilizante biológico é
um composto que visa suprir as deficiências em substâncias
vitais ao crescimento e manutenção das plantas. É usado
na agricultura para ajudar a tornar as terras mais férteis
em nutrientes e tem a missão de melhorar a produção de
uma plantação de forma natural e sem o recurso ao uso de
adubos químicos de síntese.

Importância do fertilizante biológico

A aplicação de
um fertilizante biológico tem como vantagem principal,
promover o desenvolvimento da flora microbiana que,
consequentemente, irá melhorar as condições físicas do
solo, fazendo com que estas sejam mais rentáveis a médio
longo prazo, o que nos garante os melhores resultados
para um solo. A utilização de fertilizantes orgânicos
permite a obtenção de um solo ideal, isto é, rico em
húmus, com terra solta e argilosa, o que permite uma boa
drenagem e oxigenação.

Quando utilizar um fertilizante biológico

A maioria dos
solos contém os nutrientes principais para que as plantas
se desenvolvam. No entanto, isso poderá não ser suficiente
e em alguns casos é necessário utilizar um bom fertilizante
biológico para adubar e enriquecer melhor o solo. No
entanto, deve sempre realizar análises de solos para poder
saber exatamente quais as carências e os respetivos
fertilizantes a aplicar, nas doses adequadas à realidade das
necessidades das plantas.

Os fertilizantes biológicos, usados na agricultura
biológica assumem-se como uma mais-valia técnica
para as plantas e têm a vantagem de ser ecologicamente
responsáveis. O sabor dos alimentos que dão origem,
desenvolvem toda a sua riqueza nutritiva, pois crescem de
acordo com o seu calendário natural.

Texto: Ricardo Simões (engenheiro)