Muitos arquitetos paisagistas não concebem estes espaços sem ele. O buxo tem sido, desde a antiguidade, utilizado nos jardins com diversas finalidades, como é o caso da estruturação e da organização do espaço, influenciando os visitantes através destas zonas verdes. Com efeito, um pouco por toda a Europa, os jardins do período renascentista caracterizam-se pelo uso em larga escala de sebes compostas por buxo.

Esta espécie, muito comum em várias regiões do país, assume-se como uma das mais relevantes no contexto dos jardins portugueses dessa época. Contudo, a ação conjunta de agentes abióticos como a qualidade do solo e o clima e de agente bióticos como as pragas que lhe descrevemos de seguida e as doenças têm, nos últimos anos, debilitado a condição sanitária das sebes de buxos em muitos dos jardins portugueses.

1. Psila do buxo

A Psylla buxi é um inseto que provoca deformações nas folhas e nos rebentos apicais e axilares das plantas. Os adultos esverdeados emergem no final da primavera e as fêmeas colocam os ovos nos rebentos. Hibernam, depois, sob a forma de ovo ou ainda de ninfa recém-eclodida.

As ninfas eclodem na primavera seguinte e alimentam-se das folhas, provocando o seu enrolamento. Por norma, ocorre apenas uma geração por ano. O controlo das ninfas pode ser efetuado com recurso a pulverizações à base de óleo de verão ou à base de sabão. Os imagos controlam-se com inseticidas homologados após a sua emergência.

2. Lagarta-mineira das folhas do buxo

A espécie Monarthropalpus buxi é, atualmente, uma das que mais danos provoca nas plantas de buxo. Os insetos emergem na primavera, e, depois da cópula, cada fêmea coloca cerca de 30 ovos nas folhas novas. As larvas, quando eclodem, escavam galerias no interior das folhas, alimentando-se posteriormente da seiva da planta.

As larvas são cor de laranja e medem cerca de três milímetros de comprimento e hibernam nas folhas. O período de pupação ocorre no início da primavera. Por norma, ocorre apenas uma geração anual mas, sendo o buxo uma planta de folha persistente, os danos podem estar patentes durante vários anos.

No final da primavera e no início do verão, surgem pústulas nas folhas atacadas, as quais se tornam amarelas-acastanhadas. Um ataque intenso posterior pode causar uma queda prematura das folhas, podendo mesmo ocorrer a morte do buxo em plantas mais debilitadas.

3 pragas que impedem o buxo de se apresentar bonito e saudável

O controlo deste inseto não é simples, devendo-se rever as adubações ricas em azoto. Os imagos e as larvas poderão ser controlados com recurso a inseticidas sistémicos por pulverização, seja quando emergem e antes de efetuarem as posturas ou quando já estão presentes nas minas. Em Portugal, não existem inseticidas homologados para o controlo desta praga.

3. Ácaro do buxo

A espécie Eurytetranychus buxi é o aracnídeo mais comum no buxo. Os adultos minúsculos são amarelos-esverdeados ou avermelhados e, dos seus ovos, de tonalidade amarelada, eclodem as larvas na primavera, após a hibernação, sob a forma de ovo nas folhas. No seu desenvolvimento, alimentam-se do limbo das folhas novas, sugando a seiva e injetando uma secreção tóxica. Essa situação origina manchas amarelas.

Surgem na superfície das folhas, que adquirem um tom acinzentado. Esta espécie apresenta uma geração anual. Para a erradicar, é preciso moderar as fertilizações azotadas. O controlo da praga, do ponto de vista biológico, ocorre através da predação por parte de joaninhas. Quimicamente, é recomendada a aplicação de uma calda à base de acaricidas homologados, que permite o controlo das populações no verão.

3 pragas que impedem o buxo de se apresentar bonito e saudável

Texto: Rui Tujeira (engenheiro florestal)