Assim entra o outono, pé ante pé nas veias da nossa vida, do nosso corpo e da nossa Terra Mãe. O equinócio está já aqui, com mais ou menos calor, nada é o que era.

O outono mostra-nos a beleza dos fins, da morte e da vida, da brilhante chama da paixão que não morre mas renasce quando se transforma a vida. Tal como a cada folha que cai.

As folhas secas, sem vida, naturalmente caiem, dentro e fora. Deixai-as cair. Servirão de adubo, conforto e aprendizagem ao solo, à raiz, contribuindo para que fiquem mais fortes, saudáveis, aconchegados e nutridos.

Tempos de observação e reflexão, tomadas de consciência e de escolhas. Desapego, recolhimento, reciclagem e recomeços.

Começa um ciclo mais fresco, de ventos fortes, que trazem e levam historias, pedaços de nós, sussurram segredos e sementes. A chuva molha-nos a alma, a nossa história e a terra. Os sonhos são cuidados e recriados ao sabor de um chá bem quente com um doce aroma, uma manta quente no corpo e à luz do fogo que aquece, dentro e fora, numa viagem e resgate de mais um pouco de nós por um mágico livro ou filme.

Os sentimentos, pensamentos e desabafos são escritos a carvão ou com a caneta preferida em folhas soltas ou num fiel amigo caderno. Em silêncio ou ao ouvir aquelas músicas, sons que nos tocam, acordam ou relembram momentos, com água nos olhos e um fogo no peito.

Há mais tempo e vontade para mais e melhor cozinhar e saborear, mais tempo e vontade para remodelar, cuidar e recriar o nosso espaço, dentro e fora. O mergulhar nos risos, histórias, sabores, aromas e aconchegos da família, dos amigos, de nós, de quem mais amamos, do que mais amamos.

A minha sugestão por estes dias é que vá até à floresta mais próxima, caminhe por aí, veja como tudo acontece, observe, aprenda. Tente apanhar uma folha ao cair, mesmo antes de tocar no chão, suspensa em movimento, e, guarde-a como amuleto de outono. Uma ajuda especial para esta estação que tanto nos desfolha e faz crescer, desnudando e nutrindo.

Saibamos honrar em amor e humildade a abundância que somos.

Feliz Equinócio de outono.

Que assim seja.

Assim é.

Um doce e forte abraço em amor e fé num sopro.

Nádia NadZka

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