“A Era de Aquário chegou!”, “já estamos na nova era!”, “agora somos todos aquarianos”, ou melhor, “agora temos de ser aquarianos” são alguns das frases que podem ser ouvidas nos meios (ditos) espiritualistas e com o crescer da moda do “esotérico”, também nos média.
A verdade é que muito se fala da Era de Aquário mas muito pouco se sabe sobre ela.
Afinal o que são eras astrológicas?
As eras resultam de um fenómeno astronómico denominado precessão dos equinócios. Devido a movimentos da Terra e do sistema solar, o pano de fundo das constelações é lentamente deslocado. A consequência disto é que o Ponto Vernal – determinado pelo nascer do Sol no dia do Equinócio da Primavera – desloca-se ao longo das constelações num ritmo muito lento. Leva aproximadamente 2160 anos a atravessar um signo (ou seja uma era).
A principal consequência disto é que o signo de Carneiro (que se inicia no Ponto Vernal) vai ter como “pano de fundo” uma constelação diferente a cada 2160 anos. Nos últimos 2000 anos essa constelação foi a de Peixes, e por isso estávamos na Era de Peixes. Como não há acordo quanto ao início e fim das constelações, também não se sabe exactamente quando uma era começa ou acaba. O que de facto sabemos é que é que estamos algures na fase de transição entre Peixes e Aquário.
Como é que as eras afectam o colectivo?
As eras são o pano de fundo temático para um período de aproximadamente 2160 anos.
A Era de Peixes, que ainda prevalece, é caracterizada por uma abordagem devocional e mística da vida. Nesta era floresceram as religiões em que um salvador iria resolver todos os nossos problemas, tendo nós apenas que nos arrepender de nossos pecados (sempre muito subjectivos) e esperar o julgamento final. Foi uma época de grande luz, pois foi nela que se iniciou a unificação do planeta, tanto a nível físico como cultural, e também de grande escuridão, pois em nome de supostas santidades se cometeram crimes horríveis. Estivemos durante 2000 anos “embebidos” em conceitos de amor ao próximo, Deus como Amor, a compaixão, que são as sementes para uma futura Era de Aquário. No entanto temos de nos livrar do lado negro de Peixes, a devoção cega, o fanatismo e a intolerância.
O constante apelo para a globalização leva-nos a ter de rever muitos dos nossos conceitos sociais, económicos, políticos e o mais importante os nossos valores e conceitos pessoais! Estamos gradualmente a passar de uma consciência de massa - baseada em valores familiares, tribais, nacionais, etc. - para uma consciência grupal – baseada na capacidade de cada indivíduo, independentemente da sua herança racial e genética, interagir de modo funcional com a humanidade a nível planetário. Como se diz no ditado popular isto é (ainda) “muita areia para a nossa camioneta”. Antes de sairmos do estado de massa e obter uma consciência grupal, há um passo muito importante e vital: a autoconsciência. A maioria dos indivíduos pensa que autoconsciência é estar bem consigo mesmo, sentir-se bem, encontrar estabilidade e algum sucesso na vida, etc. Infelizmente as coisas não são bem assim...
Luis Ribeiro
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