Ano novo e desejamos sempre vida nova. Desejamos sempre que algo mude e que a vida aconteça de forma diferente naquelas áreas em que sentimos que estamos “parados”. No entanto, há paragens que são de extrema importância pois forçam-nos a desenvolver uma atenção plena sobre as circunstâncias da nossa vida antes que possamos avançar para uma mudança efectiva dos nossos hábitos e padrões de comportamento. Em 2017, permanecemos “parados”, com Júpiter em Balança (até Outubro), Saturno em Sagitário, Neptuno em Peixes, Úrano em Carneiro e Plutão em Capricórnio. Continuaremos a passar por profundas transformações sociais, politicas e económicas, a termos que trabalhar o nosso sentido de honestidade, de verdade e rectidão pela forma como vivemos as nossas vidas e em libertarmo-nos dos condicionamentos éticos e filosóficos que estão na origem da dor e sofrimento da humanidade.
Mas antes de avançarmos um pouco mais nas reflexões para este mês de Janeiro, sinto que nunca é demais pensarmos na forma como lemos ou interiorizamos estes textos. Não serão de qualquer utilidade se o fizermos com a intenção de “estar à espera” do que os astros nos “vão fazer”, quer seja para justificar a nossa inoperância com relação ao nosso desenvolvimento pessoal e “fugir” para “evitar” que determinados acontecimentos nos apanhem desprevenidos, quer seja para nos prepararmos para aproveitar ao máximo as oportunidades que de certeza vamos ter porque Vénus faz trígono a Úrano e Plutão e certamente que seremos presenteados com algo inesperado e que vai mudar para sempre as nossas vidas, para melhor (claro). Este tem sido a meu ver uma das grandes dificuldades em conseguir que a astrologia seja usada e trabalhada para expandir a Consciência do homem e ajudá-lo a Identificar-se com a vida do Cosmos e não de reduzir as energias do Cosmos à sua pequena vida, como se os planetas vivessem de pequenas conspirações contra (e de vez em quando a favor) (d)a humanidade. Por isso, em função do que escolhermos fazer, podemos optar por nos focarmos nas forças exotéricas dos movimentos planetários, ou na força e dinâmica esotérica das suas energias. A primeira retira-nos a capacidade de compreender o significado e o valor acrescentado das experiências, basicamente reagimos às circunstâncias. A segunda, permite-nos ver para além da ilusão, permite-nos verdadeiramente trabalhar com as energias em movimento e agir de forma consciente sobre as circunstâncias. Mas infelizmente grande parte da humanidade ainda vibra e identifica-se mais com as formas do que com a inteligência das energias cósmicas e por isso mesmo, quando falamos por exemplo em trânsitos difíceis ou desafiantes temos a noção de que as suas manifestações estão ainda dependentes deste nível de consciência e os resultados dessas limitações podem ser muito negativos. A minha sugestão é que tentemos compreender os equívocos que estão por detrás do caos em que ainda vive a humanidade, expressos aquando dos trânsitos difíceis, e fazermos um esforço real e individual para trabalhar com estes desafios de forma inteligente e útil ao nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento pessoal.

Apesar dos momentos em que podemos beneficiar de algumas oportunidades resultantes da fluidez energética dos planetas, como aconteceu por exemplo durante o mês de Dezembro de 2016, a verdade é que o pano de fundo continua a ser marcado essencialmente por uma grande instabilidade e agitação. Temos um início de ano com fortes tensões planetárias. Mantém-se ao longo deste mês (apesar de já não ser em aspecto exacto) a oposição entre Júpiter em Balança e Úrano em Carneiro. Na astrologia esotérica, a Lua é vista como a que encobre Vulcano e Úrano. No caso dos indivíduos espiritualmente mais desenvolvidos, que estão em relação com a vida a partir da Alma (ou no caminho), quem opera é Úrano porque nesse caso ele encontra-se realmente livre e não mais condicionado pelos seus impulsos, pelo passado, pelas memórias pessoais e subjectivas, pela necessidade de segurança. Aqui, à semelhança do que acontece no plano físico, já houve o corte umbilical com as dinâmicas do plano astral (lunar). No individuo essencialmente guiado pelas dinâmicas da personalidade, a força que o domina é essencialmente lunar. Este é o grupo de pessoas que forma uma grande parte da humanidade, por isso quando pensamos nas dinâmicas de Úrano em Carneiro, pensamos num deformado conceito de liberdade, aquele que é confundido como uma necessidade visceral e natural de quem quer sobreviver e garantir que nada limita a sua necessidade de conquista pessoal, uma liberdade obtida a qualquer custo e literalmente “a ferro e fogo”. Por isso, quando reflectimos acerca da Consciência das massas, como a que ainda temos ao nível mundial, podemos talvez pensar que esperam-nos (infelizmente) um pouco mais do mesmo. Radicalismos religiosos, revoltas étnicas e forte instabilidade nos acordos e relações internacionais, manifestações de uma necessidade de liberdade mal compreendida, lunar, entendida como ruptura com tudo que é visto como ameaçador às nossas necessidades de segurança, e guiada por falsos valores de paz e liberdade. Mas para que isto não seja algo que apenas vemos acontecer aos outros enquanto espreitamos pela “janela mágica”, aqueles “outros” que são “loucos” e que vivem no país ao lado ou do outro lado do mundo, procuremos também nós reflectir sobre como fazer novos avanços no nosso desenvolvimento pessoal, respeitando os valores mais altos de paz, com que hábitos e padrões comportamentais (lunares) podemos e devemos romper para permitir a expansão do Amor, do beneficio para ambas as partes, sem nos esquecermos que o que importa é sermos honestos quando colocamos nos dois pratos da balança as nossas qualidades e defeitos (não os dos outros…), e dedicar-mo-nos à Libertação das crenças e dogmas que nos fazem crer que “se não estás comigo estás contra mim”…

Vénus (regente de Júpiter) e Marte (regente de Úrano) encontram-se no signo de Peixes durante este mês (o primeiro ingressa no dia 3 de Janeiro e o segundo mantém-se neste signo até ao dia 28, data em que ingressa em Carneiro). Ambos fazem sextil Plutão em Capricórnio de 9 a 14 e de 18 a 23 de Janeiro, conjunção Quiron em Peixes de 14 a 20 e de 23 a 27 de Janeiro e quadratura a Saturno em Sagitário de 15 a 21 e de 26 a 30 de Janeiro, respectivamente. Vénus tem a particularidade de estar em recepção mútua com Júpiter e ambos fazerem um quincuncio de 24 a 29 de Janeiro. Isto pode acrescentar confusão ao que referimos anteriormente, um período de maior desespero e desordem social. Mas Vénus encontra a sua exaltação em Peixes e, desejavelmente, podemos aprender a refinar a natureza dos nossos desejos, daquilo a que atribuímos valor, a lutar pela construção da união das Almas, do Amor desinteressado (ou altruístico), de permitir o acordo entre todas as estruturas filosóficas, étnicas e religiosas através da dissolvição das barreiras mentais que provocam a separação entre a humanidade. Um período em que estaremos mais permeáveis à dor e ao sofrimento e isto irá exigir da nossa parte uma maior capacidade de nos sentirmos na pele do outro, agindo em seu beneficio sem que tenhamos qualquer tipo de recompensa externa e visível pelas nossas iniciativas. Ao agirmos e relacionar-nos desta forma curamo-nos a nós mesmos da ilusão de separatividade. Sentir-nos-emos progressivamente menos abandonados ou esquecidos, e com a capacidade de encontrar o sentido e a oportunidade de crescimento existente por detrás das experiências de dor e sofrimento. Fazer um esforço para baixar as nossas defesas e conseguir ver onde a inspiração está em falta na nossa vida. Pode parecer ainda utópico (e concerteza que será), mas qualquer princípio é sempre melhor que nada fazer. Teremos que fazer um esforço para continuar a ter que estar disponíveis para sacrificar algumas das nossas metas e objectivos caso ainda não estejamos a construir o caminho certo, tentando perceber o que é que é de real valor independentemente daquilo em que passámos grande parte do tempo a acreditar. Que parte do meu sistema de crenças e valores bloqueia e restringe a minha capacidade de me sentir em paz comigo e com a vida.
Antes de ingressar em Aquário no dia 19 de Janeiro, o Sol faz conjunção a Plutão de 6 a 10, e quadratura a Úrano e a Júpiter de 9 a 13 e de 11 a 14 (respectivamente), e este pode ser um período francamente difícil. O desafio está em não nos identificarmos com a natureza inferior e tomar consciência se as nossas ambições nos colocam no caminho certo, se respeitam as correctas relações humanas e se os esforços que fazemos são no sentido de nos libertarmos dos aspectos negativos da nossa personalidade e permitir a manifestação de novas formas de vida, mais autenticas.
Mercúrio inicia movimento directo ainda em Sagitário no dia 8 de Janeiro, e ingressa novamente em Capricórnio no dia 12. Procuramos actualizar e organizar os assuntos que ficaram pendentes ou foram objecto de revisão durante o movimento retrógrado. Durante este mês volta a fazer sextil a Neptuno em Peixes de 22 a 26 e conjunção a Plutão em Capricórnio de 28 a 31 (consultar Dezembro Astrológico para saber mais acerca destes contactos).
«a vida apresenta-nos todos os dias novos arranjos, uma nova disposição das coisas, novas relações de forças, portanto, novos problemas para resolver; e se ontem a solução foi recorrer à sabedoria, hoje talvez seja o amor, ou a vontade, ou a paciência, que será eficaz. Existe sempre uma solução, mas, de cada vez, é preciso esforçar-se por procurá-la»
Omraam Mikhaël Aïvanhov
Bom trabalho para Janeiro.
Sobre a autora:
Ana Paula Pestana sempre desenvolveu a sua actividade académica e profissional na área das ciências, mas a sua busca espiritual e o interesse pelos símbolos levou-a a mudar todo o sentido e orientação que sua vida tinha até então. Aconteceu no dia em que assistiu à sua primeira aula de astrologia no Quíron com Maria Flávia de Monsaraz, em 2006. Desde então completou vários estudos em astrologia passando igualmente pela Faculty of Astrological Studies (Londres) e pelo AlmaSoma (Instituto de Transpessoal) para o desenvolvimento de ferramentas ligadas à psicologia e à espiritualidade. Desenvolve o seu conhecimento e prática astrológica (em consultas, formação, palestras e workshops) com base nos princípios do esoterismo porque, no seu entender, a astrologia é mais do que um conhecimento, é uma filosofia de vida que a fez sentir-se em Amor com a Vida. Paralelamente desenvolve um projecto de ensino em astrologia e desenvolvimento transpessoal em conjunto com a AlmaSoma (Instituto de Transpessoal) que terá início em Setembro de 2016 e que oferece ao estudante de astrologia uma estrutura de ensino profunda e completa (consulte o seu blog para mais informações).
Contactos:
Ana Paula Pestana
ap_pestana@hotmail.com
ASCENDENTE, Astrologia para um Desenvolvimento Consciente ® - www.ascendentt.wordpress.com
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