A tradição das noivas de Santo António teve origem numa lenda que passou de geração em geração, em Tabuaço, revela o investigador Alexandre Parafita.

Segundo o docente da Universidade de Trás-os-Montes, a lenda “narra os amores não correspondidos e obsessivos de uma rapariga pelo jovem que mais tarde viria a ser Santo António”.O pai da rapariga, “para a livrar desta obsessão, mandou degolar o jovem e fez espetar a sua cabeça numa estaca, expondo-a na rua à vista de quem passava”, mas, “para espanto de todos”, ele apareceu noutro lado a pregar.“

Assim,o rapaz tornou-se um santo e a rapariga não quis ser de mais ninguém, ficando para todo o sempre apelidada de “noiva de santo António”.

Alexandre Parafita recorda que a adoração deste santo como “protetor das paixões duradouras” passou para o Brasil, onde o Dia dos Namorados “não é festejado a 14 de fevereiro, mas sim a 12 de junho, véspera do dia de Santo António”.

O estudioso justifica esta situação, afirmando que “há muitas festas e rituais que persistem na modernidade e são até explorados pelo turismo cujas origens moram em velhos mitos e lendas que estão a perder-se na memória das gerações mais velhas”, considerando, por isso, muito importante inventariar, classificar e estudar o património cultural imaterial.

12 de junho de 2012