Um dos momentos mais marcantes na vida dos jovens é a saída da casa dos pais para a sua própria casa, seja sozinhos, em regime de partilha de habitação com amigos ou mesmo para uma vida a dois. Para muitos, é aqui que a vida adulta começa verdadeiramente, já que é nesta fase que os jovens têm de assumir muitas das responsabilidades até então asseguradas pelos pais, como gerir o orçamento familiar, pagar a renda da casa e todas as outras prestações fixas mensais (água, luz, gás, etc.), fazer compras, assegurar as tarefas domésticas, entre muitas outras.
Sobretudo por falta de experiência podem surgir frequentemente no dia-a-dia destas famílias recém-criadas alguns erros financeiros que, se não forem rapidamente prevenidos e solucionados, se traduzem a longo prazo num desequilíbrio orçamental com consequências graves para os jovens em início de vida. Conheça os principais erros de principiantes cometidos pelas famílias jovens e também alguns truques para os evitar.
1. Não elaborar um orçamento mensal
Logo desde pequenos, os pais devem ensinar os filhos a gerir a sua semanada ou mesada, de maneira a que o valor atribuído não seja logo “estourado” no primeiro momento em que a recebem. Da mesma forma, as crianças precisam de aprender sobre a importância da poupança, já que estes conceitos base que vão permitir que os jovens saibam gerir o seu dinheiro de forma inteligente na vida adulta.
Um dos aspetos mais importantes para uma família jovem é aprender a elaborar um orçamento mensal que tenha em conta o valor dos rendimentos globais (salários e outras fontes de receitas) e das despesas fixas e variáveis. Para apurar este segundo valor, o melhor truque é apontar num bloco ou no telemóvel todas as despesas do dia, da semana, da quinzena ou do mês. Definido o valor total das despesas, importa ver se os rendimentos mensais são suficientes para as cobrir e se ainda há margem para poupança. Se a resposta for negativa, devem começar desde logo a cortar nas despesas não essenciais ou tentar aumentar os rendimentos. Para saber mais sobre este tema já o vídeo Como fazer um orçamento.
2. Continuar a depender financeiramente dos pais
Este é um dos erros mais frequentes cometidos pelos jovens que acabaram de sair de casa dos pais. Perante uma situação nova e com receio de serem independentes e se aventurarem na gestão financeira das suas próprias vidas, muitos continuam a pedir ajuda aos pais ou mesmo a depender financeiramente deles para pagar algumas contas. Aqui, muitas vezes, a culpa é partilhada também com os pais, que se veem confrontados com um sentimento de “ninho vazio” e continuam a perpetuar a dependência dos filhos, em vez de estimular a sua independência.
Apesar das responsabilidades serem muitas, os jovens devem evitar cair na tentação de pedir aos pais para lhes fazerem tarefas como lavar e passar a roupa, fazer compras e preparar refeições, limpar a casa, ou pagar a renda da casa, a prestação do carro ou a conta do supermercado. Uma ajuda aqui e ali pode ser bem-vinda mas não deve ser a norma e muito menos uma imposição dos pais ou uma exigência dos filhos. Conheça e evite os erros que os pais cometem na educação financeira dos filhos ao ler este artigo.
3. Não poupar para uma emergência
Quando começam a trabalhar e a receber o seu próprio salário, os jovens sonham também em realizar alguns sonhos, como comprar carro, fazer viagens, entre outros. E se é verdade que esta é a idade ideal para o fazer, antes de a família aumentar e os encargos com os filhos absorverem ainda mais o orçamento familiar, também é verdade que os jovens devem começar o quanto antes a implementar hábitos de poupança nas suas famílias. Esta “almofada de segurança” será crucial no caso de surgir algum imprevisto (doença, desemprego) ou alguma despesa não contabilizada no orçamento. Ainda que no início de vida, quando os salários são também mais baixos, pareça complicado poupar, os jovens podem optar por uma poupança automática (10% é o ideal, mas pode ser menos nesta fase) com um valor pré-definido que é transferido para outra conta logo no início do mês. Conheça estas sete dicas para evitar crises nas finanças.
4. Não definir quem vai pagar o quê
No início de uma vida a dois é importante que os jovens se sentem para conversar e clarificar todas as questões financeiras inerentes à partilha das despesas familiares. Desde o primeiro minuto deve ficar decidido quem paga o quê e como. Neste capítulo existem várias opções possíveis, cabendo ao casal decidir qual se adequa melhor ao seu perfil. Para começar, ambos podem manter as suas contas pessoais em separado e pagar sempre 50% de cada conta ou prestação que surja. No extremo oposto, fica a hipótese de terem apenas uma conta onde são depositados ambos os salários e de onde saem todas as despesas familiares. Mais equilibrada é a opção de manter três contas: uma para cada membro do casal, com verba para despesas pessoais, e uma terceira conta conjunta, para a qual contribuem com valores semelhantes e de onde são pagos os gastos comuns. Neste artigo fique a conhecer as Seis fases da vida que pedem boas finanças.
5. Acumular dívidas
Primeiro vem a compra ou aluguer da casa, as mobílias e o enxoval, depois a compra do carro, as viagens, as compras com cartão de crédito, e a pouco a pouco as dívidas de uma jovem família vão-se acumulando até se tornarem incompatíveis com o orçamento mensal. Ditam as regras do bom senso que cada opção de consumo seja bem ponderada e analisada à luz da realidade financeira atual da família e nunca sobrecarregando o orçamento além do limite razoável. Se o dinheiro que sobra no final do mês já não é muito, então a opção de comprar um carro, por exemplo, deverá ser adiada até ao momento em que a prestação possa ser suportada confortavelmente.
Por isso, é importante que os jovens calculem a sua taxa de esforço familiar, ou seja, a percentagem do rendimento familiar destinada ao pagamento das prestações de créditos que tenham sido contraídos. Apesar de variar de família para família, esta percentagem não deve ultrapassar os 35%, sob pena de risco de sobre-endividamento. Leia também o artigo: Como gerir um orçamento quando está sem dinheiro.
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