A poluição mata 1,7 milhões de crianças por ano, como alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS), em março de 2017. Segundo este organismo, mais de uma em cada quatro mortes de crianças com menos de cinco anos, o que equivale a 25% da mortalidade registada, deve-se a um ambiente poluído, refere o relatório «Inheriting a Sustainable World: Atlas on Children’s Health and the Environment».

«O facto de ainda terem os órgãos e o sistema imunitário em desenvolvimento e o corpo e vias respiratórias serem pequenos torna-as especialmente vulneráveis ao ar e à água poluídos», refere Margaret Chan, diretora-geral da OMS. No entanto, David King, cientista e consultor do governo britânico e da British Lung Foundation, a fundação britânica que reúne especialistas em pneumologia, discorda.

Para este especialista, pior do que a poluição exterior é aquela a que as crianças são expostas durante as deslocações familiares de carro e nas viagens efetuadas em transportes públicos de quatro rodas. «Os automóveis são caixas acumuladoras de gases tóxicos», assegura o reputado especialista num artigo que escreveu para o jornal The Guardian.

«As crianças que se sentam na parte de trás dos veículos estão mais expostas a níveis [de poluição do ar] mais perigosos», afirma. «Até pode estar a conduzir um carro limpo mas as suas crianças estão sentadas numa caixa que recolhe gases tóxicos dos automóveis que vêm atrás», afiança. David King defende que, sempre que possível, os pais prefiram soluções mais saudáveis e também mais amigas do ambiente.

«Já se demonstrou que os benefícios de andar a pé ou de bicicleta, para a saúde, são superiores», diz. «Se mais automobilistas tivessem noção dos danos que podem estar a causar nos filhos, pensariam duas vezes antes de entrar num carro», assegura o cientista. Independentemente do local onde respiram ar que está poluído, são muitos os problemas que podem afetar a saúde de pequenos e grandes:

-Infeções respiratórias

São responsáveis, anualmente, pela morte de 570.000 crianças com menos de cinco anos, sobretudo a pneumonia, devido ao contacto com o ar poluído dentro e fora de casa, e com o fumo de tabaco.

- Diarreia

Por ano, 361.000 crianças com menos de cinco anos acabam por morrer por a contraírem. Uma consequência do escasso acesso a água própria para consumo e pobre saneamento e higienização tanto dentro como fora de casa.

- Condições de vida

No primeiro mês de vida, morrem, anualmente, 270.000 crianças devido à poluição do ar e às parcas condições em que vivem, o que pode ser prevenido através do acesso a água potável, saneamento e higienização das instalações de saúde.

- Malária

Ações ambientais, como a redução de locais de reprodução de mosquitos ou o armazenamento de água potável, podem precaver esta doença, responsável, anualmente, pela morte de 200.000 crianças com menos de cinco anos.

- Lesões provocadas pelos espaços físicos

Cerca de 200.000 crianças com menos de cinco anos morrem, por ano, por lesões não intencionais ocorridas devido ao ambiente, como envenenamento, quedas ou afogamentos.

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O risco ambiental do lixo eletrónico

Resíduos eletrónicos e elétricos, como telemóveis que já não são usados, são indevidamente reciclados, o que expõe as crianças a toxinas prejudiciais que contribuem para o aparecimento de uma série de problemas de saúde. Estes são alguns dos mais comuns:

- Redução dos níveis de inteligência

- Défice de atenção

- Danos pulmonares

- Cancro

Texto: Luis Batista Gonçalves