"A mortalidade associada à qualidade do ar ainda é muito significativa", refere um comunicado da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, acrescentando que, em 2016, a média anual de dióxido de azoto foi superior ao permitido pela legislação europeia e nacional em locais de Lisboa, Porto e Braga.

O ano "2016 foi genericamente melhor do que 2015, mas ainda problemático em termos de qualidade do ar", resumem os ambientalistas.

A estação de monitorização da qualidade do ar da avenida da Liberdade, em Lisboa, segundo a associação, "apresentou melhorias, mas a média anual de dióxido de azoto registada (57,3 mg/m3) [miligramas por metro cúbico] foi ainda bastante superior ao permitido pela legislação europeia e nacional" que é de 40 mg/m3.

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"Esta média foi ainda mais superada no Porto, na estação de Francisco Sá Carneiro/Campanhã (74,8 mg/m3) e em Braga, na estação de monitorização de Frei Bartolomeu Mártires – São Vitor (55,3 mg/m3)", acrescenta a Zero, citando dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

A Zero comenta um relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês), hoje divulgado e que, com base em dados de 2014, estima que em Portugal morram prematuramente cerca de 6.630 pessoas devido a problemas associados à má qualidade do ar. A má qualidade do ar causa a morte prematuramente de 400.000 cidadãos da União Europeia (UE) por ano, alerta ainda o relatório.

Deste total, 3.710 pessoas morrem devido às elevadas concentrações de partículas finas (PM2.5), 2.410 ao dióxido de azoto (NO2) e 280 ao ozono.

Estes dados revelam "um elevado aumento de mortalidade face à estimativa feita para 2013 no que respeita ao dióxido de azoto, passando de 150 para 2.410 mortes prematuras anuais", alertam os ambientalistas.

Para Portugal, "tal traduz-se em quase 38 mil anos de vida perdidos associados às partículas finas, cerca de 27 mil anos de vida perdidos associados ao dióxido de azoto, e 2.900 associados às elevadas concentrações de ozono", segundo as contas da Zero.

Estas situações de ultrapassagem de valores-limite devem-se principalmente ao tráfego rodoviário, pelo que os ambientalistas consideram ser "indispensável a tomada de medidas para redução das concentrações em causa da responsabilidade fundamentalmente das autarquias das zonas afetadas".

A associação defende a implementação de "medidas profundas" que promovam formas suaves de mobilidade, o transporte público e a mobilidade elétrica, a par de alternativas de fiscalidade verde com "forte penalização" da utilizaçã de combustíveis fósseis.

Quando é feita a comparação tendo em conta a população de cada país, salienta a Zero, o valor estimado para Portugal "é dos mais elevados no contexto da União Europeia a 28, apesar dos dados indicarem que, no que respeita às concentrações médias de vários poluentes, está abaixo da média europeia".

A Zero aponta ainda que Portugal "tem de melhorar a recolha e envio de dados, nomeadamente porque é um dos poucos países que não reportou dados referentes a um poluentes obrigatório e considerado carcinogénico, o benzo(a)pireno".