A associação Saúde em Português apresenta hoje um projeto que visa caracterizar o voluntariado como parte de “uma estratégia para a promoção da saúde” em Portugal.
“Há uma disponibilidade diminuta de estatística relativamente ao voluntariado. Esta estatística não é feita ou não reconhece o voluntariado”, disse à agência Lusa o presidente da instituição, o médico Hernâni Pombas Caniço.
A caracterização do voluntariado em saúde a nível nacional resultará de um levantamento que se prologará ao longo de um ano, com a realização de inquéritos por e-mail, entrevistas pessoais e por telefone.
Este trabalho de recolha de informação é dirigido a dirigentes e voluntários de unidades de saúde, corporações de bombeiros e outras entidades que intervêm na área da saúde, no Continente e regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Em Portugal, segundo dados oficiais da última década citados por Hernâni Caniço, “apenas 4,2 por cento da população ativa” está envolvida em trabalho voluntário para a comunidade.
Em Espanha, essa taxa de participação sobe para cinco por cento, enquanto na Grã-Bretanha ronda os 39 por cento e nos Estados Unidos da América 50 por cento.
“No nosso país, o mercado laboral é pouco integrador e não favorece a integração do voluntariado”, declarou Hernâni Caniço, frisando que “os portugueses que fazem mais voluntariado pertencem às classes média-alta e alta”, constituindo uma “minoria da sociedade”.
A Saúde em Português está a desenvolver, desde junho, o projeto “Ser Voluntário”, que visa caracterizar o voluntariado em saúde a nível nacional e que é apresentado hoje, em Coimbra.
Trata-se de um projeto cofinanciado pela Direcção Geral de Saúde, no âmbito do Ano Europeu do Voluntariado, ao qual foram apresentadas em 2010 cerca de 100 candidaturas, tendo ficado em primeiro lugar a organização não-governamental (ONG) de Coimbra dirigida por Hernâni Caniço.
“Existe em Portugal uma baixa taxa de voluntariado, que registava há uma década alguma tendência para baixar,”, reiterou, lembrando que também “existe uma cultura cívica ainda muito incipiente”.
Para o presidente da Saúde em Português, cabe ao Estado “intervir para estimular e desenvolver o voluntariado”, em vez de “não reconhecer a sua importância e necessidade”.
A apresentação do projeto “Ser Voluntário” realiza-se às 15:00, na sede da Saúde em Português, com a presença de Hernâni Caniço, Rui Pinheiro (médico e coordenador do projeto), Ana Rita Brito (socióloga e técnica superior do projeto), Mauro Serapioni (doutorado em Sociologia pela Universidade de Barcelona e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra).
A caracterização nacional do voluntariado em saúde será efetuada no relatório final do projeto e divulgada publicamente num seminário de encerramento previsto para Coimbra.
15 de julho de 2011
Fonte: Lusa
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